Pandemia faz diminuir pela metade desembarque de pescado na Feira do Peixe de Santarém, aponta estudo

O avanço da pandemia da Covid-19 nas comunidades ribeirinhas, além de infectar várias pessoas, afetou também a principal atividade nessas localidades: a pesca.

Os dados obtidos pela Colônia de Pescadores Z-20 e pelo Laboratório de Geoinformação Aquática/Ufopa entre os meses de março e junho na Feira do Peixe, principal centro de comercialização de pescado em Santarém, houve uma diminuição expressiva do volume de pescado desembarcado.

A média de volume de pescado nos meses de março, abril, e maio foi 50,6% menor quando comparado à média histórica do mesmo período dos últimos oito anos, passando de uma média de 46,72 toneladas para 23,10 toneladas durante a pandemia, o que representa uma perda de receita de aproximadamente R$ 235.000,00.

De acordo com os dados da pesquisa, a queda começou ser registrada a partir de março, quando o volume de captura foi de 37,82%. No mês seguinte, abril, o percentual registrado foi de 21,01%. Em maio, foi de 10,48% e agora em junho, a queda foi ainda mais drástica, chegando a 3,92%. Na média histórica calculada nos últimos 8 anos, a média histórica registrada em março, por exemplo, foi de 38,03%. Em abril 49,16%, maio 52,98% e em junho de 44,73%.

Em relação à comercialização de pescado na Feira do Peixe de Santarém, nos meses de pandemia, o estudo mostrou queda drástica também nas vendas. Em março, a receita gerada pela venda do pescado foi de R$ 378.220,00. A média histórica neste mês foi de R$ 380.318,89. Em abril, foi registrado R$ 210.685,00. Na média histórica esse montante foi de R$ 491.567,78. No mês de maio, R$ 104.810,00 foi o volume de receita. No período da média histórica, maio registrou um volume de R$ 529.803,33. Já o mês de junho teve o pior registro de vendas de pescado na pandemia. A receita total foi de R$ 39.180,00. Na média história, esse total foi de 447.263,33.

Um agravante a este cenário foi o fato do não recebimento do auxílio emergencial disponibilizado pelo Governo Federal para aos pescadores. Algumas famílias que receberam nas comunidades foram as inscritas no CAD-Único ou no programa Bolsa Família, cujos valores foram depositados automaticamente nas suas respectivas contas.

O estudo que avalia os impactos da Covid-19 nas comunidades pesqueiras de Santarém, no oeste do Pará, afetou o modo de vida dos pescadores. Em muitas localidades, os comunitários desenvolvem o manejo de pesca, atividade que desempenha um papel importante na economia familiar das comunidades.

Desde o início da pandemia, o manejo do recurso pesqueiro foi suspenso, em cumprimento às medidas de distanciamento social e para preservar a saúde dos pescadores, com a chegada da Covid-19 nas comunidades ribeirinhas.

O estudo foi elaborado por pesquisadores da Sociedade para Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente (Sapopema), Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), e Earth Innovation Institute (EII), em parceria com a Colônia de Pescadores Z-20. Foram aplicadas entrevistas aos coordenadores de Núcleos de Base da Z-20 das regiões do Arapixuna, Aritapera, Ituqui, Urucurituba, Tapará, Maicá, Lago Grande do Curuai, Arapiuns, Tapajós, e núcleos de pescadores da cidade e Agentes Comunitários de Saúde de várias regiões nos meses de maio e junho. Também foram compilados os dados oficiais da Semsa e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente Semma).

Participaram da elaboração do estudo os pesquisadores Socorro Pena da Gama, David McGrath. Antônio José Bentes, Poliane Batista, Wandicleia Lopes de Sousa e Samela Bonfim.

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