Pesquisa investiga perfil social e racial de estudantes quilombolas

Traçar o perfil social e racial de estudantes quilombolas que ingressaram na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), é o principal objetivo de uma pesquisa que está sendo feita pela própria instituição com alunos que entraram no período de 2015 a 2018 pelo Processo Seletivo Especial Quilombola. A primeira fase da coleta de dados para esta pesquisa ocorreu no período de outubro de 2018 a maio de 2019.

Os resultados parciais desta primeira etapa da pesquisa foram divulgados em artigo científico publicado na última edição da Revista Cocar, da Universidade Estadual do Pará (UEPA), lançada neste mês de setembro.

A pesquisa é coordenada pelo professor doutor Luiz Fernando França, do programa de Letras do Instituto de Ciências da Educação (Iced) da Ufopa. A produção do artigo também teve a parceria de dois estudantes quilombolas da universidade: Iris Rosane de Jesus Santos (Iced) e José Henrique de Jesus Pinto (ICS), ambos bolsistas PIBIC-AF-Quilombolas.

De acordo com o professor Luiz Fernando, o artigo é o primeiro de um conjunto de textos que deverão ser publicados para divulgar os resultados do projeto de pesquisa “Quilombolas na Ufopa”. Nesses primeiros resultados, são apresentados indicadores do perfil dos estudantes quilombolas da universidade. “A partir da aplicação de um questionário socioeconômico e estudantil, constituímos um perfil social e racial dos(as) estudantes, considerando os seguintes indicadores: comunidades e municípios de origem, idade, cor, estado civil e sexo/gênero”, informou o professor.

Aplicação do questionário

A coordenação do estudo informou que 158 estudantes participaram da pesquisa. Esse número representa um universo de, aproximadamente, 70% dos estudantes quilombolas que ingressaram na Universidade entre 2015 e 2018. A aplicação do questionário foi feita de forma livre e voluntária, no período de outubro de 2018 a maio de 2019.

Em Santarém, a metodologia foi desenvolvida por meio das redes sociais e durante reuniões do Coletivo de Estudantes Quilombolas (CEQ) da Ufopa. “Procuramos sensibilizar os(as) estudantes sobre a importância da colaboração com a pesquisa. Registramos também que, feita a distribuição do questionário, foi oferecida ao estudante quilombola uma temporalidade necessária para a entrega, de forma que o tempo de preenchimento foi predominantemente organizado pelo(a) próprio(a) aluno(a). Esta opção de preenchimento mais livre deve-se, sobretudo, ao conjunto expressivo de perguntas de tendência subjetiva que compõe o questionário”, afirma o artigo.

Para aplicação dos questionários nos campi, além das redes sociais e do contato direto com os estudantes quilombolas, foram utilizados os meios institucionais disponíveis por meio das unidades administrativas e acadêmicas dos municípios de Monte Alegre e Alenquer. Como em Santarém, também nessas unidades os questionários foram respondidos de forma voluntária e livre.

Resultados parciais da pesquisa

Dos 158 estudantes quilombolas que participaram da pesquisa, a grande maioria (132) está nas unidades acadêmicas do Campus Santarém. Os demais (26) estão nos campi.

Com relação às localidades de origem desses estudantes, o estudo mostra que as cinco comunidades quilombolas com maior número de estudantes matriculados(as) são: Boa Vista, no município de Oriximiná, com 20 alunos; Passagem, em Monte Alegre, com 18; e as comunidades de Santarém – Saracura, Murumurutuba e Murumuru – com o quantitativo de 12, 11 e 10 estudantes, respectivamente.

Os demais alunos são das comunidades Serrinha (Oriximiná), Peafu (Monte Alegre), Pacoval (Alenquer), Arapucu (Óbidos) e Tiningu e Nova Vista do Ituqui (Santarém), sendo, no geral, oriundos de comunidades quilombolas da região do Baixo Amazonas. “Esta incidência demonstra que o Processo Seletivo Especial Quilombola da Ufopa tem atendido predominantemente estudantes de comunidades da região, ainda que quilombolas de outras cidades e estados possam também participar do processo de seleção”, destaca o artigo publicado.

Os dados analisados neste estudo também apontam que o grupo é formado, em sua maioria, por mulheres; que estes quilombolas se definem como pretos e pretas, solteiros, e possuem uma média de idade de 25,4 anos.

Para a equipe de pesquisa, essa investigação que apresenta o perfil social, racial e econômico com a trajetória estudantil dos quilombolas é muito importante para avaliar a política da Ufopa de ingresso dos estudantes quilombolas nesses primeiros anos de implementação. “A pesquisa também apresenta alguns caminhos, algumas sugestões estratégicas para que possamos melhorar a política de ingresso de quilombolas na Ufopa. Então, ela serve para fazer o diagnóstico, serve como avaliação e também tem essa função de apresentar caminhos que possam ajudar a consolidar a política”, acrescentou o professor Luiz Fernando.

As informações são da Ufopa

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