Oficina de Gênero desperta novas perspectivas para mulheres em comunidades de Juruti

Falar sobre direitos, sobre as possibilidades de organização, engajamento, conquista de demandas. Com esse olhar, as comunidades Santa Maria e Prudente receberam oficinas de Gênero, nos dias 26 e 27 de novembro, reunindo mais de 25 mulheres de comunidades da região, no município de Juruti. Atividade é ofertada pelo projeto Ingá – Indicadores de Sustentabilidade e Gestão na Amazônia.

Promovendo reflexões a partir da realidade do grupo, compreendendo as relações ambientais e sociais onde estão inseridas tanto no âmbito familiar, social comunidade, e trabalho. A partir de temas comuns entender a questão de gênero, e a existência das desigualdades sociais, e como isso impacta no seu bem estar. Desta forma as mulheres indicaram por exemplo sua participação ativa na produção de farinha de mandioca, uma das principais fontes de renda e trabalho das comunidades, e a partir daí coletaram informações sobre a divisão de tarefas no trabalho e nas atividades de casa. Assim, a oficina trabalhou dentro de uma metodologia maior, o Diagnóstico Rural Participativo (DRP), que somando com outras atividades do projeto Ingá, irá disponibilizar informações qualificadas e precisas sobre a realidade local.

Segundo o IPS Amazônia -Índice de Progresso Social na Amazônia, Juruti é um dos 57 municípios com níveis mais baixos de progresso social na Amazônia. E a violência contra a mulher ainda está no nível mais crítico, em vermelho. Visando contribuir com a atuação e participação democrática nas comunidades de Juruti, o Projeto Ingá, através de suas ações, até o momento alcançou diretamente um público composto por 49% de mulheres e 15% de jovens.

Rafaela da Cunha Pinto, Analista Socioambiental do IEB e Socióloga, afirma que propiciar um espaço como esse é fundamental, ainda mais em regiões do interior. “Disponibilizamos ferramentas para que depois elas mesmas possam multiplicar esse conhecimento, conversar com outras mulheres e juntas se fortalecer. Ter um espaço de diálogo e, dentro desse diálogo, poderem se organizar, organizar demandas, conquistar mais direitos. Falar sobre as comunidades delas e a perspectiva de ser mulher no meio rural, o que isso influencia.” Rafaela ainda complementou afirmando “a oficina é esse despertar colocamos situações para que elas reflitam sobre quais são os melhores caminhos, as estratégias para se organizar e se fortalecer, conquistando uma vida melhor”.

A oficina apontou sugestões para fortalecer a relação entre as mulheres, como ter uma rede de apoio, indicando que juntas possam se organizar e mutuamente se ajudarem. Localmente o município tem organizações que contribuem pela equidade de gênero, como a Associação de Mulheres de Juruti (AMTJU), que marcaram presença na oficina, apresentando os trabalhos devolvidos por elas e disponibilizando como uma rede de apoio já estabelecida no município. “É muito importante que esse movimento de mulheres avance. Elas ficaram satisfeitas e, elas podem contar conosco, apoiamos diversos grupos de mulheres”, afirmou Dinanci Toscano, presidenta da Associação de mulheres de Juruti (AMTJU).

Rosinete Prata, agricultora, que participou da oficina falou sobre os aprendizados extraídos da atividade: “Eu aprendi que temos voz e temos uma saída. Nós, mulheres, temos que trabalhar, criar nossos filhos, nosso lar, e temos que ser respeitadas. Como mulheres, nós temos uma defesa. E é bom saber que podemos ter pessoas que podem nos ajudar quando precisamos”.

O projeto Ingá é coordenado pelo Instituto Juruti Sustentável (IJUS), com investimentos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), da Alcoa, do Instituto Alcoa, da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), e parcerias do Instituto Vitória Régia (IVR), Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e a Aliança Bioversity/CIAT.

“Fizemos uma análise sobre a questão do trabalho e renda. Foi muito interessante essa oficina, porque estamos conseguindo chegar nas mulheres. A gente espera que possa deixar esses frutos, que elas realmente possam se conscientizar, se organizar, e que a gente mude a sociedade em que vivemos”, afirmou Maria Melo (Deise), Presidente do Instituto Juruti Sustentável (IJUS).

Fonte: Instituto Juruti Sustentável

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