Pesquisa descobre cidade debaixo da Amazônia com pirâmides de até 22 metros

Uma equipe de pesquisa internacional descobriu uma série de “cidades” que ficaram escondidas sob as copas das árvores da floresta Amazônica, na região de Llanos de Mojos, na Bolívia, durante séculos. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Nature.

Os locais, chamados “assentamentos urbanos de baixa densidade”, foram construídos pelas comunidades Casarabe, que viveram na região entre 500 a 1400 d.C..

Segundo os cientistas, as cidades “perdidas” na Amazônia podem abrir caminho para entender como as civilizações antigas combinaram a construção de vastas paisagens urbanas enquanto viviam ao lado da natureza.

Variedade de estrutura

Os assentamentos apresentam uma variedade de estruturas bem elaboradas, que segundo os pesquisadores, são diferentes de qualquer outra descoberta na região.

Os achados incluem terraços de 5 metros de altura cobrindo 22 hectares – o equivalente a 30 campos de futebol – e pirâmides cônicas de 22 metros de altura. Os cientistas descrevem também uma infraestrutura maciça de gestão de água, composta por canais e reservatórios.

Segundo o coautor do estudo, Mark Robinson, da Universidade de Exeter, o “traçado arquitetônico dos grandes assentamentos da cultura pré-colonial Casarabe indica que os habitantes desta região criaram uma nova paisagem social e pública.”

“Durante o final do Holoceno, os agricultores pré-hispânicos em Llanos de Mojos, transformaram as savanas amazônicas mais extensas e sazonalmente inundadas em paisagens agrícolas e aquícolas produtivas com uma diversidade aparente na organização sociopolítica, sistemas de controle hídrico e bases econômicas”, escreveram.

José Iriarte, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, disse em comunicado que “há tempos os cientistas já suspeitavam que as sociedades pré-colombianas se desenvolveram nesta parte da Amazônia boliviana, mas as evidências estavam escondidas sob as copas das árvores da floresta e são difíceis de visitar pessoalmente.”

Por esse motivo, a equipe de pesquisa utilizou uma tecnologia chamada “Lidar”, tipo de mapeamento aéreo feito a laser.

Conhecendo a região

A técnica Lidar dispara feixes de luz infravermelha com ajuda de veículo aéreo ou drone, em busca de capturar os sinais refletidos pela superfície.

Os cientistas mapearam 200 quilômetros quadrados distribuídos em áreas de tamanhos variados na região da cultura Casarabe.

O documento detalhou dois grandes locais de assentamento (Cotoca e Landívar) e 24 locais menores, dos quais apenas 15 eram conhecidos anteriormente.

“Os dados do Lidar, combinados com informações anteriores de reconhecimento arqueológico e sensoriamento remoto mostram que a cultura Casarabe possui um sistema de assentamento altamente integrado, contínuo e denso”, disseram os pesquisadores.

A equipe escreveu ainda que a região foi “uma das primeiras ocupadas pelo homem na Amazônia, onde as pessoas começaram a domesticar culturas de importância global, como mandioca e arroz. Mas pouco se sabe sobre a vida cotidiana e as primeiras cidades construídas durante esse período.”

“O sistema de assentamento da cultura Casarabe é uma forma singular de urbanismo agrário tropical de baixa densidade — até onde sabemos, o primeiro caso conhecido para toda a planície tropical da América do Sul”, finalizaram.

Fonte: CNN

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