Em Soure, no Marajó, o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) orienta fabricação e estoque de milho e capim para suplementar a alimentação do gado, de forma a garantir produção de queijo de búfala mesmo nos meses de estiagem, de junho a dezembro. Na seca, o pasto esmorece de qualidade, impactando na nutrição do rebanho, o que pode causar diminuição de mais de 80% na produção de leite.
Uma referência em projeto de silagem é a Fazenda Mironga, no Km 4 da Rodovia Soure-Pesqueiro, região da Tucumanduba. A queijaria Mironga Produtos Alimentícios foi a primeira de produção artesanal certificada no Pará pela Agência de Defesa Agropecuária (Adepará), desde 2014.
Na propriedade de 80 hectares, de cada dez animais, sete são bubalinos. A produção diária gira em média de 300 litros de leite e mais de 60kg de queijo tipo “creme”.
Atendido de forma direta pela Emater, Carlos Augusto Gouvêa planta, fermenta e armazena milho, canarana, capim-elefante e capim-mombaça. São em torno de 90 toneladas de silagem por ano. O processo se dá por meio de maquinário específico, com acabamento artesanal.
“Se não fosse a silagem, nem nos arriscaríamos à produção de leite durante a seca. A suplementação não mantém a média inteira, porém há uma compensação no número de sólidos totais que existem no leite, embora haja diminuição na quantidade de leite produzida. Como o leite é destinado para queijo, o cálculo fecha positivo”, conta Nunes.
De acordo com dados da Emater, a colheita de um hectare de milho, por exemplo, pode alimentar até 20 animais. “A maioria dos produtores de Soure acaba deixando de produzir no período de seca. O silo nos permite manter a produção. É uma estratégia para se quebrar a sazonalidade de produção do búfalo”, confirma a tecnóloga de alimentos da Mironga, Gabriela Gouvêa, filha de Carlos Augusto.
Para o chefe do escritório local da Emater em Soure, o técnico em pesca Fernando Moura, o exemplo corrobora a técnica de ensilagem como alternativa de investimento em pecuária leiteira. “Exige planejamento e execução rigorosos, mas acessíveis ao agricultor familiar. É uma reserva de alimento tecnológica. As vantagens perpassam menos custo para o sistema de produção, aumento de produtividade e exploração mais útil e racional de áreas, reduzindo a necessidade de novas aberturas de pastagem”, explica.
Fonte: Agência Pará