O resultado para a pesquisa “Alter do Chão” nos buscadores da internet estão relacionados a viagens de turismo. No entanto, antes de ser um destino turístico paradisíaco ou um distrito do município de Santarém, no estado do Pará, Alter do Chão é território indígena Borari. Há anos, o povo Borari aguarda a demarcação de sua terra, que tem sofrido com conflitos fundiários, grilagem, invasões, construções irregulares, especulação imobiliária, gentrificação, poluição, queimadas, desmatamento, mineração e megaprojetos de infraestrutura (portos, hidrovias e hidrelétricas).
Para chamar atenção para essas questões, as Suraras do Tapajós, Associação de Mulheres Indígenas de Alter do Chão, lançam, no dia 19 de novembro, quinta-feira, uma campanha nacional de sensibilização sobre o combate à especulação imobiliária e gentrificação de Alter. A campanha foi criada a partir da realização de uma roda de histórias de vida, onde as Suraras compartilharam suas memórias. A partir do que ouviram, identificaram vários temas que afetam sua qualidade de vida e sobrevivência, e escolheram um para criar um plano e chamado coletivo de ação.
“Queremos mostrar que preservar os modos de vida indígenas também significa preservar os modos de vida da cidade. Não faz sentido transformar Alter do Chão em uma cidade grande, desmatar e construir resorts e prédios altos na orla para pessoas de fora e com dinheiro. Estão expulsando as famílias Borari cada vez mais para a periferia, e acabando com o Rio Tapajós. Não podemos deixar que destruam nosso território e nosso modo de vida”, afirma Leila Borari, turismóloga e integrante das Suraras. “Quando criança eu me banhava todos os dias no rio antes de ir para a escola junto com outras crianças, enquanto nossas mães lavavam roupa. Infelizmente, fazer isso hoje não é mais possível”, conta Ianny Borari, autônoma e integrante das Suraras.
O evento de lançamento será online, começará às 19h (horário de Brasília) e contará com a apresentação de pôsteres que ilustram essas problemáticas, desenhados pela artista paraense Renata Segtowick. As peças ficarão disponíveis gratuitamente online para impressão e também disseminação pela internet. “Fiz as ilustrações traduzindo para a linguagem da arte urbana as imagens e frases que foram criadas coletivamente pelas Suraras”, contou a artista gráfica. Além disso, o evento contará com a participação de Daniela Pantoja, integrante do Movimento Tapajós Vivo, que falará sobre a importância da vila balneária de Alter do Chão para o Brasil e o que as pessoas de todo o país podem fazer para ajudar a preservá-la. Para finalizar com uma grande celebração, haverá um show do primeiro grupo de carimbó formado somente por mulheres indígenas no Brasil, as próprias Suraras do Tapajós.
O evento faz parte do projeto “Mulheres Tapajônicas 2020”, idealizado pelo coletivo Clímax Brasil e realizado em parceria com as Suraras do Tapajós, com o objetivo de visibilizar histórias de mulheres indígenas dos povos do rio Tapajós como instrumento de incidência política e contribuição para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). O projeto conta com o apoio da GESTOS e Grupo de Trabalho da Sociedade Civil – Agenda 2030 e participação financeira da União Europeia.
Serviço:
O que: Evento gratuito de lançamento da campanha e show das Suraras do Tapajós
Quando: 19/11 às 19h (horário de Brasília)
Onde: Online (inscrições: https://bit.ly/tapajonicas)
As pessoas inscritas receberão o link do evento no dia e também uma surpresa!
Contato para imprensa:
Isabelle Maciel
+55 93 99154-9033
Este evento faz parte do projeto “Mulheres Tapajônicas 2020” e foi realizado com a participação financeira da União Europeia. O seu conteúdo é de responsabilidade exclusiva do Clímax Brasil, não podendo, em caso algum, considerar-se que reflete a posição da União Europeia.
A Associação de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós é uma organização sem fins lucrativos tem a missão de combater a violência e racismo, para o empoderamento de mulheres indígenas em sua autoestima e na defesa de seus territórios.
O Clímax Brasil é um coletivo de pessoas comuns, cheias de disposição, que atua criativa e divertidamente, fazendo mágica para tirar as mudanças climáticas do armário no Brasil.