Tradição na culinária da Região do Médio e Baixo Amazonas, o feijão manteiguinha é uma variedade do feijão caupi com grãos bem pequenos e macios, com cozimento rápido e de sabor ímpar, que pode ter sido introduzido na região por religiosos italianos (em Monte Alegre) e americanos (em Santarém) no século XIX, com seu cultivo relacionado a uma tradição quilombola.
“Conta a história que os americanos trouxeram essa semente pra cá pra Santarém e começou a ser multiplicado nessa região. Mas com o passar do tempo essas sementes foram descaracterizadas”, conta o engenheiro agrônomo Guilherme Saldanha, supervisor do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Santarém.
A retomada da produção da espécie no Baixo Amazonas, com grãos melhorados e mais próximos dos originais, está sendo possível graças a produção de amostras nativas, melhoradas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e tratadas no Centro de Treinamento Agroecológico, Inovação Tecnológica e Pesquisa Aplicada do Nordeste Paraense (UDB) da Emater, em Bragança, nordeste paraense, como explica Vicente de Paula Paiva Neto, engenheiro florestal da UDB.
“O projeto de resgate da semente do feijão manteiguinha é uma parceria entre Emater Pará e Embrapa Amazônia Oriental. Ele envolve o resgate desse material genético que estava bastante desconfigurado. Iniciamos esse trabalho há cerca de 7 anos, através da coleta de alguns exemplares em municípios do Estado, como Monte Alegre, Santarém, Bragança, Augusto Corrêa e Tracuateua, entre outros”, conta o engenheiro Vicente de Paula.
A distribuição de sementes melhoradas já ocorreu para produtores de Monte Alegre, em 2019, tendo sido essencial a colaboração dos agricultores para a multiplicação em suas propriedades. Agora, em 2021, dez produtores de municípios abrangidos pelo Escritório Regional da Emater em Santarém vão receber sementes do feijão e assistência técnica dos escritórios locais da Empresa para o plantio, na expectativa de também produzir novas amostras para a distribuição e para a produção em escala comercial, disponibilizando de forma mais ampla a espécie no mercado, favorecendo a produção, o mercado e os consumidores que poderão apreciar um feijão de maior qualidade.
A expectativa é que, ainda no segundo semestre deste ano, o feijão manteiguinha, agora melhorado, esteja difundido no comércio da região.
“Nós começamos com cinco quilos de semente em 2019, que plantamos e conseguimos produzir 80 quilos, que foram classificados em 2020, resultando em 60 quilos que foram plantados e geraram 3 mil 920 quilos. Metade vamos continuar multiplicando mecanicamente, com a ajuda de um grande produtor parceiro, que já vem contribuindo com a multiplicação, e parte da outra metade vamos distribuir para 10 produtores que vão multiplicar com assistência técnica da Emater. A ideia é que eles nos devolvam o dobro que vai para outros produtores e assim continuar multiplicando”, afirma Guilherme Saldanha.
A ação faz parte do Programa de Produção de Sementes do Feijão Manteiguinha, do Escritório Regional da Emater em Santarém, viabilizado a partir da distribuição das sementes pelo Centro de Treinamento Agroecológico, Inovação Tecnológica e Pesquisa Aplicada do Nordeste Paraense (UDB) da Empresa.
Com informações da Agência Pará