A pandemia da Covid-19 tem sido desafiadora para os profissionais de saúde, principalmente para quem atua em localidades onde o sistema de saúde público não oferece condições dignas de trabalho para médicos e enfermeiros.
Em muitos casos, desde quando começou a vacinação dos grupos prioritários que esses trabalhadores não medem esforços para garantir a imunização de idosos. Alguns até colocam em risco a própria segurança em nome do ofício e pelo bem de proteger quem precisa de assistência médica.
Na região Amazônica, esse serviço é ainda mais desafiador. Mas mesmo apesar dos inúmeros obstáculos, médicos e enfermeiros, voluntários e pessoas anônimas, se esforçam para garantir que a vacina chegue a todos.
A Amazônia já registrou cenas que merecem o respeito e admiração pelo esforço desses trabalhadores. Como a enfermeira que saiu da ambulância na rodovia 163 e empurrou a maca com um paciente vítima de Covid-19.
O fato mais recente vem lá do Amapá. Uma equipe se arriscou atravessar um riacho se equilibrando em um tronco de uma árvore para chegar à comunidade Massaranduba, na zona rural do Amapá. Tudo para levar vacina a um idoso que não tinha condições de se locomover até o posto de saúde para ser vacinado.
A cena curiosa foi filmada no último domingo (4). As imagens mostram uma enfermeira, uma técnica em enfermagem e dois moradores da comunidade passando pelo caminho com ajuda de uma corda.
Quem aparece primeiro no vídeo é Marquele Balieiro, de 36 anos, a enfermeira-chefe da equipe. Para levar o imunizante até o público-alvo de localidades ribeirinhas e quilombolas, ela contou que até mesmo o medo de altura foi enfrentado.
“Naquele momento eu tive que pensar entre o coração e a razão, porque a gente está levando um pouquinho de esperança para cada pessoa lá. Como tenho medo de altura, tive que superar esse medo. Quase eu caio, mas parei, respirei fundo e a gente passou tranquilo”, relata.
A profissional do Estratégia Saúde da Família (ESF) explicou que o trajeto foi feito para a vacinação de um idoso de 63 anos com obesidade, que não tinha condições de se locomover até onde a equipe estava.
Essa foi uma das missões realizadas pela enfermeira, que já passou por 13 localidades desde o início da imunização na Zona Rural de Santana. Entre os desafios, estão as grandes distâncias entre cada família e a dificuldade de comunicação.
“A dificuldade maior é chegar até cada localidade. São muitas famílias e elas são distantes uma da outra. E o acesso de comunicação entre eles é díficil porque lá não tem internet, celular. A gente está todo final de semana. É um desafio, mas é muito gratificante”, comenta.
Trabalhando há três anos na Zona Rural, Marquele sabe que o esforço dos profissionais da saúde será reconhecido pelos moradores das comunidades.
“Vai ficar uma gratidão, porque como estou nessa área há três anos, todos já me conhecem lá, e eu sei que eles estão muito agradecidos. É uma satisfação levar as vacinas e salvar vidas”, finalizou.