Crianças da aldeia indígena Braço Grande, localizada na região do Arapiuns, em Santarém, no oeste do Pará, estão há mais de um ano sem aulas. A denúncia foi feita por lideranças da própria aldeia ao vereador Biga Kalahare (PT), durante visita que o parlamentar fez à região neste fim de semana.
O parlamentar foi até a localidade a pedido dos comunitários, que denunciaram a falta de professor para ministrar aulas para 14 alunos do multisseriado, método de ensino que contempla estudantes da educação infantil e fundamental de 4 a 12 anos.
A partir do diálogo com moradores, o petista descobriu que a situação educacional das crianças é grave . Os alunos estão sem aulas desde março de 2020 , porque não tem professor para ministrar aulas para a turma.
“Nos deparamos com um total descaso com a educação dessas crianças. Um ano sem aulas? Eu considero que a educação é um dos direitos principais, independente de classe social, cor de pele, raça. Educação é uma necessidade desde que nascemos, temos direito a ter educação, saúde, entre outras assistências. Foi uma irresponsabilidade muito grande o que aconteceu aqui, não sei se faltou conhecimento por parte da Secretaria de Educação, ou se foi falta de interesse mesmo”, explicou
A cacique da aldeia, Brenda Tapajós, informou que a professora responsável pela turma deixou de repassar os conteúdos para os alunos no início da pandemia, período em que as aulas começaram a ser realizadas de forma remota.
“A professora enviou apenas uma vez os conteúdos para os alunos do multisseriado. Ficamos sabendo que ela está de licença. As crianças perderam o ano letivo de 2020 e o início deste ano”, afirmou.
A comunidade entregou ofício e abaixo-assinado ao conselho Tutelar de Alter do Chão, formalizando denúncia referente à falta de professor, assim como solicitou da Semed que a professora fosse substituída. A líder da aldeia acrescentou que a comunidade dispõe de uma professora formada em pedagogia e apta para ensinar as crianças. A única resposta da secretaria que chegou até os comunitários foi que eles precisariam aguardar a professora retornar da licença em junho.
Enquanto o professor não chega na comunidade, pais de alunos fazem o que podem para ajudar no ensino dos filhos. Bianca, mãe de Juliano de 4 anos, está ensinando o filho em casa. O menino começou no ano passado a vida escolar, mas foi interrompida pela falta de professor.
“Eu preciso ensinar ele em casa, comprar livros de atividades para poder ajudar. Com a minha ajuda, ele manuseia bem o lápis, mas ainda não conhece as vogais, os números, ele está bem atrasado”, destacou a mãe.
“É algo histórico para nossa aldeia. Braço Grande sempre foi muito distante para os outros, para nós, não. É a primeira vez que um parlamentar visita nossa comunidade. É um grande privilégio contar com a ajuda dele, porque até então nunca tivemos apoio político de parlamentares e prefeito. Ele veio ver de perto nossas dificuldades, isso para nós é muito gratificante”, ressaltou Brenda Tapajós.
O vereador petista se comprometeu em lutar pelas causas dos indígenas, não só dá comunidade Braço Grande, mas também de outras localidades do município. Biga Kalahare, iniciou encaminhamentos sobre o caso na semana passada, com um pedido de Informações destinado à Secretaria Municipal de Educação (Semed), solicitando o quantitativo de professores que ministram aulas na aldeia. O parlamentar vai realizar outras solicitações para a secretaria.
“Vamos pedir que a secretaria envie um professor para dar aulas urgente. Caso contrário, será mais um ano letivo perdido. Vamos cobrar também da Semed explicações sobre o caso. Precisamos saber o motivo da secretaria não atender o pedido dos moradores . Queremos saber também, se a professora enviava relatórios das atividades para a Semed. Existe a coordenação de rios, segundo o que os moradores nos repassaram, queremos saber se as informações chegavam para eles”, finalizou o vereador