A audiência pública virtual solicitada pelo deputado Jaques Neves, presidente da Comissão Permanente de Saúde da Assembleia Legislativa, foi realizada nesta terça-feira (05/10) para tratar sobre o incentivo à aplicação da vacina pneumocócica em pacientes graves, portadores de comorbidades.
A preocupação se justifica, pois a vacina Pneumocócica 13-Valente (VPC-13) é capaz de prevenir 22 doenças relacionadas à bactéria Streptococcus pneumoniae. “Pensamos sempre em pneumonias, mas há outras doenças que podem afetar as pessoas portadoras de comorbidades. Nessas pessoas, os episódios podem ser mais graves, levar o paciente à UTI e até ao óbito”, alerta Olga Mellone, representante da Pfizer no Brasil.
Segundo ela, a vacina Pneumocócica 13-Valente (VPC-13) é recomendada para pacientes transplantados, com imunodeficiência causada por doenças ou por tratamentos como o de câncer, problemas respiratórios crônicos, cardiopatias, diabetes, fibrose cística, doenças que afetam os rins e o fígado, neurológicas e até mesmo, pacientes com perdas auditivas que necessitam utilizar implantes cocleares.
Ela destacou que apenas Belém possui dois centros de referências (CRIES). “Nosso desafio é garantir o acesso a essas vacinas e, para isso, é necessário descentralizar a estrutura no Pará e possibilitar a melhor cobertura vacinal para a população do Estado”, avalia Olga.
O deputado Jaques Neves considerou “inadmissível que em todo o Pará, apenas Belém tenha os CRIES com estrutura física. Precisamos pensar em ampliar essa rede e levar os centros de referência inicialmente aos municípios maiores, de macrorregiões, como em Marabá, Santarém, Altamira”, ressaltou. “Vamos continuar este debate para viabilizar a descentralização”, afirmou ele.
A deputada Michele Begot relatou que vivenciou essa dificuldade de acesso no sistema público de saúde. “Meu filho teve pneumonia três vezes em um ano, quando era criança. Só consegui imuniza-lo recorrendo à iniciativa privada”, lembra. “Se considerarmos que o nosso estado tem um clima peculiar, uma geografia que propicia o surgimento de doenças pneumocócicas, principalmente nas localidades ribeirinhas, vemos que a nossa população é suscetível e precisamos unir forças para garantir o acesso descentralizado de forma democrática”, avalia a parlamentar.
A representante da Secretaria de Estado de Saúde, Jaíra Ataíde, destacou que há 1,690 doses da vacina no Pará, armazenados na Central de Medicamentos da SESPA. “Essas vacinas são enviadas para os 144 municípios paraenses por demanda. Embora não tenhamos os centros de referência em todos os municípios, temos os CRIES virtuais, em parceria com as prefeituras e coordenações regionais de saúde”, diz ela. “Quando localizamos os pacientes com comorbidades, enviamos as vacinas e elas chegam a essas pessoas nos próprios municípios”.
Segundo Jaíra, todas as doses de vacinas aplicadas são registradas no sistema da SESPA. “Não há dificuldade em atender essa clientela, mas para isso dependemos da coordenação de imunização de cada localidade”, afirmou.
Apesar dos CRIES virtuais, o representante do Conselho de Secretarias de Saúde dos Municípios (COSEMES), Raimundo Sena Bitencourt, “precisamos avançar e levar esses serviços para mais próximo das pessoas, onde elas moram. Lamentavelmente, sabemos que temos problemas em todo o Brasil com baixas coberturas vacinais. No caso do pneumocócicos, eles já estão na rotina vacinal de crianças e temos que garantir o acesso também nos centros de referência para pacientes com comorbidades”.
A promotora pública Fábia Melo, da promotoria da saúde, anunciou que já há procedimentos de acompanhamento da cobertura vacinal em Belém. “O Ministério Público pode estender esse acompanhamento para outros municípios”, garante. “A pandemia da covid-19 veio nos mostrar como a vacinação pode mudar um cenário no campo da saúde. Vamos atuar juntos para que o acesso às vacinas também aconteça, em referência à vacina pneumocócica”, finalizou.
A Comissão de Saúde da Alepa propôs outras reuniões para debater estratégias e ampliar a rede dos centros de referência para a vacinação de pacientes graves, com comorbidades, e garantir a cobertura vacinal.
Também participaram da Audiência Pública virtual Hallessa Pimentel, conselheira do Conselho Regional de Enfermagem; Belina Soares, representante da Associação dos Renais Crônicos e Transplantados; Ivonete Peixoto, da UEPA; e Lígia Lopes, da Associação de Doenças Raras.
As são informações da Alepa