Oriximiná é o segundo maior município do Estado do Pará em termos territoriais. Localizado na região oeste paraense, é lá que muitas belezas ainda intocadas da Amazônia dividem espaço com sociedade moderna e encontram histórias de lutas e de preservação. Os personagens que fazem desta região uma das mais ricas do país são diversos e dois deles são destaques do livro “Cidades de Minerais e seus Personagens”: O projeto Pé-de-Pincha, da Mineração Rio do Norte, e a história da líder quilombola, Claudinete Colé. A publicação da revista “Minérios & Minerales” foi lançada nesta terça-feira (14), em Belo Horizonte (MG).
Idealizado em 1999, o projeto Pé-de-Pincha é uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) com a parceria da MRN, prefeituras municipais e comunitários para garantir a conservação de quelônios na Amazônia. Já Claudinete Colé é presidente da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO), fundada em 1989 e que congrega 37 comunidades, distribuídas em oito territórios quilombolas da região.
“Eu acredito que a história deve ser contada com seus atores e personagens. Quanto mais as pessoas tomarem conhecimento das lutas que realizamos no país, mais elas se envolverão e isso com certeza trará a oportunidade de construirmos uma sociedade melhor, com soluções mais eficazes para os problemas que enfrentamos” afirma Claudinete. “É por isso que eu fico muito feliz de fazer parte dessa publicação. O diálogo é o caminho e é o que vem acontecendo aqui na região. A parceria com todos que estão presentes, a exemplo da MRN, contribui para que possamos superar nossos desafios”, avalia a presidente da ARQMO.
A gerente de Comunicação da MRN, Karen Gatti, concorda com a visão de Claudinete. “Temos que difundir os bons exemplos. Assim temos mais força para incentivar a continuidade de ações que contribuem para um mundo melhor”, comenta a executiva. “A história da Claudinete é inspiradora para toda a sociedade brasileira, assim como o projeto Pé-de-Pincha, que não só é um dos maiores projetos de conservação ambiental, mas também é de educação para os mais jovens”, destaca Karen.
Parcerias hoje para um futuro melhor
Técnica em agropecuária e em meio ambiente, Claudinete Colé, 40 anos, é da comunidade remanescente de quilombos Boa Vista e se orgulha por ser uma das principais incentivadoras do resgate das raízes do seu povo. Desde 2015, ela assumiu o desafio de coordenar a ARQMO, entidade da qual é presidente atualmente.
“Tenho amor por esse trabalho e acho que é muito louvável que nós negros estejamos à frente dos movimentos sociais. Estamos no município de Oriximiná que é uma região muito diversificada, nossas comunidades são distantes da sede da cidade, então tudo se torna mais difícil. Por isso, a gente se organiza enquanto associação para tentar acessar as políticas públicas e levar investimentos e melhorias para a população quilombola do município”, afirma.
Entre as conquistas estão o levantamento socioeconômico, cultural e territorial para conhecer as principais demandas das comunidades e a elaboração dos planos de vidas para sete territórios quilombolas, iniciativas apoiadas pela MRN. Outra missão importante para Claudinete é perpetuar a identidade do seu povo. “O quilombola tem a sua cultura própria, que é uma cultura muito rica e muito diversificada com os seus saberes. Tudo isso, a gente tem que trabalhar para que não se perca”, avalia.
Sustentabilidade nas nossas mãos
Maior produtora de bauxita do país, sediada no distrito de Porto Trombetas, município de Oriximiná (PA), a Mineração Rio do Norte desenvolve e apoia 65 iniciativas socioambientais, que beneficiam anualmente milhares de pessoas na região. Dentre essas ações, destaca-se um dos maiores projetos de preservação ambiental: o Pé-de-Pincha.
“O Pé-de-Pincha nasceu com a ideia de capacitar os comunitários para fazer um trabalho de proteção aos ninhos e aos filhotes, com o objetivo de tentar recuperar a população de quelônios, principalmente o tracajá. O mais importante neste trabalho é a mudança de percepção da comunidade que participa do projeto, que passa a valorizar e a proteger esta espécie”, relata o professor Paulo Cesar Andrade, coordenador do Pé-de-Pincha pela UFAM.
O projeto é desenvolvido em 26 comunidades dos municípios de Oriximiná e Terra Santa, no oeste do Pará. Entre as etapas da iniciativa estão o acompanhamento do nascimento dos filhotes, momento em que os comunitários registram o número de filhotes nascidos e os colocam em berçários e eles recebem alimentação especial. No tempo adequado, é feita a soltura e os filhotes são devolvidos à natureza e um momento de grande felicidade.
“O projeto busca deixar um legado de conservação de quelônios para o futuro. Além de preservar essas espécies, buscamos sensibilizar as pessoas para conservarem mais o meio ambiente para as próximas gerações. A cada soltura, compartilhamos de uma grande emoção, demonstrando o amor ao meio ambiente e à vida”, declara Genilda Cunha, analista de Relações Comunitárias e coordenadora do Pé-de-Pincha pela MRN.
Fonte: Temple Comunicação