Por meio do Projeto Ingá (Indicadores de Sustentabilidade e Gestão na Amazônia), que é coordenado pelo Instituto Juruti Sustentável (IJUS) e implementado em parceria com diversas instituições, o Projeto Maniva Tapajós foi levado ao município de Juruti e já mostra resultados quanto ao fortalecimento da agricultura familiar no município, finalizando o primeiro ciclo de parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Após a entrega de manivas há um ano, cultivadas de forma experimental, agora os produtores realizam a colheita e partem para a produção individual.
A maniva é um pedaço do tronco adulto da mandioca que é plantado para dar origem a uma nova cultura. A folha da mandioca também é conhecida por esse nome, principalmente no Pará, onde é bastante utilizada na culinária.
A colheita tão esperada ocorreu no dia 10 deste mês, na área de experimento do Maniva Tapajós em Juruti, na comunidade Esperança dos Morais, no Projeto Estadual de Assentamento Agroextrativista (Peaex) Curumucuri. Na ocasião, os participantes dialogaram sobre ideias e estratégias para fortalecer as parcerias. Com o sucesso da colheita experimental, nos dias 12 e 13 de dezembro ocorreram as entregas das manivas para beneficiários.
Marcos Amaral, responsável pelo Maniva Tapajós em Juruti e vice-presidente do IJUS fez um balanço das atividades. “Estamos fazendo a colheita, culminando com um ano de trabalho. Nós recebemos as manivas oriundas de nossa parceria com Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca e por meio de todas as ações que realizamos, tais como ciclos de capacitações, visitas técnicas, conseguimos, hoje, fazer a multiplicação desse material e entregar para os produtores do Projeto Ingá. A gente espera que com essa iniciativa, consigamos fortalecer a cadeia produtiva da mandioca aqui em Juruti”, disse.
As manivas adquiridas pelo Projeto Ingá são melhoradas geneticamente pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O objetivo desse melhoramento é fornecer variedades de espécies com maior potencial produtivo, resistentes a pragas e flexíveis ao clima da região. Com isso, os produtores terão mais qualidades em suas plantações e nos produtos.
No início do projeto, os agricultores familiares de Juruti receberam 5 mil manivas-sementes com cinco variedades, e após 1 ano de trabalho em conjunto e de forma experimental, multiplicaram para 18.125 manivas-sementes. A partir do recebimento das mudas, os produtores iniciaram a plantação e todo o processo foi acompanhado de perto pela equipe do programa Maniva Tapajós. Estas manivas-sementes serão destinadas para cinco áreas de Safs (sistemas agroflorestais), o objetivo é a distribuição ainda para outros agricultores.
Para Edileuza Santos, agricultora do Projeto Ingá, moradora na Comunidade Alto Alegre, foi uma “honra” receber as manivas. “Principalmente para nós agricultores, porque assim como ela é melhorada, ela é mais resistente a pragas e terá mais resistência para termos mais produtividade”, comemorou.
Importante destacar que não serão abertas novas áreas para o presente e futuros plantios, as manivas farão parte de outros cultivos plantados nas áreas de Safs já existentes. Dentro das diversas atividades do projeto Ingá, estão a recuperação de áreas degradadas, estas áreas não recebem ações de manivas e sim num primeiro estágio sua recuperação.
O Programa Projeto Maniva Tapajós, desenvolvido a partir do Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef) e voltado para o fortalecimento da agricultura familiar por meio do ensino, pesquisa científica e extensão, agora terá atividades no município de Juruti. Ele é desenvolvido em alguns municípios do Oeste paraense com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva da mandioca com material de plantio de qualidade genética e fitossanitária para a região .
Com as principais fontes de renda vindas da extração de bauxita e da agricultura familiar, o município de Juruti tem a maior parte da população formada por comunidades tradicionais e povos indígenas. Em um território de 830.500 hectares vivem atualmente cerca de 59 mil habitantes, dos quais 60% estão na zona rural, espalhados em mais de 200 comunidades.
O Projeto Ingá conta com investimentos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID/Brasil), da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), da Alcoa, do Instituto Alcoa, além de parcerias com o Instituto Vitória Régia (IVR), o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e Alliance Bioversity International e CIAT.
A iniciativa tem como prioridade três importantes regiões do município: o PEAEX do Curumucuri por meio da parceria com a Associação das Comunidades da Gleba Curumucuri (ACOGLEC) e com a Cooperativa Mista do Curumucuri; o PEAEX Prudente e Monte Sinai, em parceria com a Associação das Comunidades Prudente e Monte Sinai (ACOPRUMS); e a Área de Proteção Ambiental (APA) do Jará, onde o trabalho é realizado juntamente com o conselho da Unidade de Conservação. Nesses locais vivem cerca de 1.900 famílias. Ocorrem ainda ações na área urbana de Juruti. Por isso, a prefeitura municipal é outro importante parceiro no projeto, como beneficiário em ações formativas e nos trabalhos voltados à gestão pública.
Fonte: Instituto Juruti Sustentável