A notícia de que a Escola da Floresta, referência em educação ambiental na Amazônia, seria fechada para dar lugar a um empreendimento imobiliário, pegou muita gente de surpresa na manhã desta segunda-feira (30), em Santarém, no oeste do Pará. A unidade educacional foi criada em 2008, às margens da rodovia Dr. Everaldo Martins, na região do Eixo Forte, com o objetivo de formar cidadãos conscientes sobre a importância da preservação do meio ambiente e a construção de um planeta mais sustentável a todos os seres vivos.
Tão logo soube da notícia que a área que abriga a Escola da Floresta em Santarém seria vendida para um grupo de empresários e que ali seria construído um resort, a deputada estadual Maria do Carmo Martins (PT) se posicionou e levou a situação ao conhecimento do governador Helder Barbalho (MDB).
Maria lembrou que foi durante a sua gestão como prefeita de Santarém, por dois mandatos, que foram implementadas práticas inovadoras de educação. “Embora tenha construído muitas escolas, salas de aula e investido na capacitação e na valorização de nossos professores, eu sentia que ainda precisávamos de mais. Por isso, começamos a pensar em projetos que olhassem com carinho para as particularidades da nossa gente, que entendessem a complexidade do nosso território, da nossa cultura e ao mesmo tempo possibilitassem um canal de comunicação com as pessoas da nossa cidade, para que conseguíssemos trabalhar a consciência ambiental de forma prática e divertida. Foi assim que nasceu nosso projeto mais revolucionário de educação, em 2008: a Escola da Floresta”, relembrou Maria.
A deputada, que esteve na comitiva do governador Helder nesta segunda-feira para inaugurar a última etapa da avenida Moaçara, aproveitou a presença do chefe do Executivo Estadual para articular, junto ao Estado, medidas para que a situação fosse revertida.
E foi. Segundo Maria do Carmo, o governador Helder Barbalho informou que a área será desapropriada para que a Escola da Floresta, que antes era de responsabilidade do município, passe a ser de competência do Estado. Mais: ela será transformada em uma Escola de Produtos Florestais.
“Imediatamente busquei informações e me articulei junto ao governador Helder Barbalho para que medidas fossem tomadas junto aos envolvidos na transação. Fui informada pelo nosso governador que a situação será revertida e a área desapropriada para que a Escola da Floresta, que antes era de responsabilidade do município, passe a ser de competência do Estado do Pará, se tornando uma Escola de Produtos florestais. Fiquei imensamente feliz com a notícia e seguirei acompanhando de perto essa demanda, pois tenho muito carinho pelos legados que minha gestão deixou em Santarém. São marcas que atravessam gerações e que levam adiante nossa cultura, nossa floresta e o futuro da nossa gente”, completou a deputada Maria do Carmo.
A deputada ainda relembrou como tudo começou e as parcerias firmadas para que o projeto se concretizasse. “Primeiro buscamos um local para que o espaço funcionasse. Abrimos diálogo com o Conselho Nacional dos Seringueiros que na época era proprietário de uma área extensa às margens da Rodovia Everaldo Martins, na Área de Proteção Ambiental de Alter do Chão. Conseguimos a desapropriação e logo iniciamos a estruturação da Escola. Era um sonho se concretizando e a cidade ganhando um espaço que foi não apenas reconhecido como amplamente divulgado dentro e até fora do nosso país. Até o final da minha gestão, em 2012, mais de 30 mil alunos já haviam passado por aquele local que, dentre outras coisas, ofertava trilhas educativas, pescaria ambiental e até o trabalho em uma Casa de Farinha. Um verdadeiro mergulho dentro dos saberes tradicionais da Amazônia, da cultura amazonida, da educação ambiental e do desenvolvimento sustentável”, complementou.
A Escola da Floresta está localizada na rodovia Everaldo Martins em Alter-do-Chão, com uma área rural de 33 hectares de floresta secundária. Tem espaços diversos onde são desenvolvidas atividades com os alunos como: casa do Seringueiro, barracão de aula interativa, casa da farinha, viveiro de plantas com capacidade de 80 mil mudas anuais, meliponário, casa da vegetação, trilhas educativas, memorial Chico Mendes, casa do pescador, viveiro de peixes, cozinha, barracões (auditório central e mini-auditório), banheiros e passarelas que levam ao Lago Verde.