Em Alema, comunidade do município de Terra Santa, no oeste do Pará, há pouco mais de seis anos a produção de mel com abelhas sem ferrão tem garantido uma renda extra para a artesã Ellen Machado. Com a formação constante recebida por meio do Projeto de Meliponicultura, a meta da comunitária é ampliar ainda mais a produção nos próximos anos. “Eu quero aprender cada vez mais. Fazer cursos e trabalhar melhor com o própolis, o pólen e com tudo que a abelha pode nos proporcionar”, afirma.
Como parte do Programa de Educação Socioambiental (PES), da Mineração Rio do Norte (MRN), o Projeto de Meliponicultura é realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura de Terra Santa (Semagri) e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município. A iniciativa, segundo Cristina Leite, secretária de Agricultura, tem aproximado os meliponicultores do poder público e demais parceiros. “Isso também tem agregado na renda dos participantes. Eles participam dos cursos e o conhecimento só aumenta. Costumo dizer que 2023 está sendo o ano da meliponicultura em Terra Santa”, garante.
O mesmo pensamento é compartilhado por Ellen. A comunitária conta que é ela quem coleta, manipula e multiplica as abelhas, o que faz a diferença no resultado do produto. “O mel de abelha é muito procurado e as pessoas querem sempre o natural. O nosso é natural e não fazemos nenhuma modificação ou adição de produtos nele”, destaca a produtora, que reconhece a importância das formações. “Os cursos são realizados frequentemente. Eu sei que quanto mais eu participo, mais eu cresço. E a intenção é essa: crescer sempre mais”.
Empreendedorismo Sustentável
No sítio do agricultor Renan Godinho, a produção rural se concentra na fruticultura de acerolas. Mas a flexibilidade, a renda gerada pela meliponicultura e o apoio da família têm levado Renan a repensar os rumos de sua produção. “Fazer parte do projeto tem sido muito bom. É algo que não exige dedicação exclusiva, então é possível conciliar com o trabalho que já temos. Minha mãe e minha esposa têm me auxiliado nas coletas também”, explica. Segundo o agricultor, as formações que auxiliam no processo de beneficiamento do produto têm impulsionado os planos de priorizar a meliponicultura. “Isso vai trazer um bom retorno financeiro. Por isso que estamos trabalhando para que seja a principal atividade do sítio futuramente”.
Mas não é só na renda que o projeto tem feito a diferença. Renan conta que essa oportunidade o ajudou a enxergar o respeito ao meio ambiente como um bem inegociável. “Mudou muito a minha visão sobre a importância das abelhas para a natureza e para a produção. Antes, infelizmente, não era algo que dávamos atenção. Então, esse ganho de conhecimento agrega um cuidado especial ao negócio”, detalha.
“Aqui em Terra Santa nós vivemos ao lado de uma zona de proteção ambiental e isso impacta na disponibilidade de área para a população. Iniciativas como esse projeto são uma alternativa à derrubada de árvores e, ao trazer benefícios ambientais, também melhoram a qualidade de vida das pessoas. As abelhas precisam de flores e, ao plantar espécies frutíferas relacionadas à produção de mel, é possível ampliar a produção de frutos, evitando o desmatamento”, pontua.
Modelo Consciente
Criado pela MRN em 2010, em parceria com o Sebrae e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Terra Santa, o Projeto de Meliponicultura atendia, inicialmente, 20 famílias das comunidades Alema, Casa Grande e Redobra. De lá para cá, a iniciativa tem promovido capacitações para ensinar como construir caixas racionais para a criação de abelhas melíponas – ou seja, sem ferrão -, visando a autonomia dos comunitários. Também foram executadas visitas técnicas e outras capacitações e treinamentos.
Em 2022, as atividades seguiram com o monitoramento das colmeias, além de capacitação sobre técnicas e aprimoramentos da produção de mel de abelhas nativas. Para atingir esse objetivo, houve a distribuição de mudas para a ampliação do pasto melípona. Este ano, os comunitários da comunidade Alema receberam mais caixas de abelhas por meio do projeto.
Em paralelo, a MRN, em parceria com a Semagri, tem incentivado e investido nos comunitários para que estes trabalhem com própolis, pólen e resinas, envolvendo ainda as famílias na produção das colmeias. Isso contribui, principalmente, pela função das abelhas na natureza, para a melhora da polinização das plantas, preservação das espécies e conservação da biodiversidade. “Atualmente, temos 25 famílias atendidas nas comunidades Alema, Jauaruna, Redobra e Urubutinga. A participação tem sido ativa e colaborativa. Essa troca de conhecimento reflete cada vez mais o empenho pela melhoria dos processos e do produto”, explica Genilda Cunha, coordenadora do projeto pela MRN.
Fonte: MRN/Temple Comunicação