Uma reunião realizada nesta quarta-feira (11), pela Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), discutiu sobre a saúde mental das mulheres a partir de informações de pesquisas, de que em torno de 43% das mulheres brasileiras estão de alguma forma sofrendo impactos psíquicos advindos de vários fatores, entre estes, foram destacados, a violência doméstica, de gênero; a sobrecarga de trabalho da mulher; e os sintomas pós pandemia da Covid-19. O deputado Carlos Bordalo (PT) coordenou a reunião.
A deputada Paula Titan (MDB), procuradora da Mulher do Poder Legislativo, parceira da reunião, ressaltou a importância da reunião no sentido de buscar um plano de trabalho com um olhar mais específico para as mulheres paraenses em busca de ter um resultado mais efetivo. O deputado Bordalo é o presidente da Comissão de Direitos Humanos, de Defesa do Consumidor, dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da Mulher, da Juventude, da Pessoa Idosa e Minorias.
A psicóloga Vera Fonseca, da diretoria de políticas de Atenção Integral à Saúde e da Coordenação Estadual de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas da SESPA, expôs sobre o trabalho realizado a Saúde Mental pelo Estado a partir da violência interpessoal/auto provocada a partir da Lei nº. 13.819/2019, que instituiu a Política Nacional de Prevenção da automutilação e do suicídio a ser implementado no país – União, em cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Explicou que para monitorar a violência interpessoal e auto provocada tem como base o SINAN, Sistema de Informação de Agravos de Notificação, para colher dados sobre os eventos. “Promovendo a notificação, identificando a realidade epidemiológica para conhecer essas violências nos territórios, descrevendo ações, para saber de como se enfrenta a situação”, disse Fonseca, e depois ateve-se sobre a importância do preenchimento da Ficha de Notificação Individual de Violência, suas dificuldades e entraves encontrados nos casos do suicídio, entre estas questões de concepção, moral, ética e até religiosa de quem tem que preencher.
Para a professora de psicologia social Flávia Lemos, da UFPA, é necessário colocar na pauta uma política nacional da saúde de prevenção à automutilação, à violência auto provocada, ao suicídio. “E ainda precisamos uma política nacional que articule mais as ações de proteção à mulher, crianças e adolescentes, idosos e idosas”. Para ela, o caminho é o de retomar com mais fôlego e mais agilidade as políticas públicas e o fortalecimento das redes de amparo psicossocial, destruídas pela gestão anterior, somadas com as consequências da pandemia.
“Para a saúde mental não existe a dimensão individual”, explica. Para ela, o indivíduo está na relação com os grupos, com as redes sociais, com as instituições, e quando estas estão em crise impactam a saúde do indivíduo, que passa a ter menos rede de apoio. “Se ele já tem uma história de vida com muitas perdas, com muitas violências sofridas, ele vai estar com mais fragilidades”, disse.
Para o deputado Bordalo, a reunião foi extremamente proveitosa. “Escutamos as instituições e vamos produzir um projeto para enfrentar os impactos psicossociais sobre a mulher de uma atuação territorial”, explicou.
A ideia acatada foi a de desenvolver uma experiência piloto dentro de uma oficina da Paz, projeto do governo Helder Barbalho, implantado nas periferias em Belém, na região metropolitana e em expansão em municípios do interior do Estado. Ao final, um grupo de trabalho foi formado pelos pesquisadores e membros das instituições presentes, para a formulação do projeto aceito a ser apresentado até final de novembro deste ano.
Participaram ainda na reunião Marilda Couto, presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental do Pará – ABRASME; Jurelda Guerra do Conselho Regional de Psicologia; Esther Souza do Movimento de Luta Antimanicomial; Natacha Vasconcelos, representando a deputada Lívia Duarte (PSOL); e os pesquisadores, da UEPA, Manoel Marques sobre povos característicos da Amazônia; e Leonardo Santos, da UFPA, biografias de Mulheres de Cura.
As informações são da Alepa