Resgatar a ancestralidade e gerar renda, fortalecendo a bioeconomia por meio do artesanato são os objetivos das atividades promovidas pela Associação de Mulheres Indígenas Artesãs de Tapauá (Amiata). Unidas desde 2019 com o intuito de criar a organização que hoje às representa, elas conseguiram dar início à desejada produção de artesanato no município. Com o apoio de editais voltados para o desenvolvimento de cadeias de valor sustentáveis, elas estão semeando ações que beneficiam todo o território.
Em 2023, com o apoio do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) por meio do projeto Governança Socioambiental Tapauá, elas regularizaram juridicamente a Amiata, que na língua Apurinã é Apiata Atapara-Asika, que significa “fazer a força”, e na língua Paumari Kako’diaki, que quer dizer “ajudar”. Em seguida, se candidataram e foram selecionadas na chamada de projetos “Fortalecendo a Autonomia e Resiliência dos Povos Indígenas – Apoio ao Enfrentamento de Incêndios Florestais e Monitoramento Territorial na Amazônia”, do Fundo Casa Socioambiental.
Segundo a presidente da Amiata, Francinete Apurinã, o conhecimento adquirido na oficina será multiplicado dentro das comunidades indígenas. “Nós gostamos bastante do curso. Aprendemos a fazer colares, pulseiras. Isso é importante para nosso futuro, para ensinar as mulheres e os jovens. O conhecimento adquirido aqui será levado para as aldeias. Assim, fortalecemos aqueles que não puderam vir. O artesanato é uma forma de resgatar nossa cultura do Purus e mostrar que ela ainda existe”, disse.
A visão é compartilhada por Sandra Amaral, vice-presidente da Amiata. Para ela, a oficina é um passo importante para ampliar a geração de renda na região. “Vamos ter uma renda a mais com o nosso artesanato, porque a gente pretende transportar para outros municípios, como Manaus. Isso é uma melhoria e, também, o fortalecimento da nossa atividade”, declarou.
A Amiata está inserida em um contexto cultural diverso, pois abrange duas Terras Indígenas, Apurinã Igarapé Tauamirim e Apurinã do Igarapé São João, e 13 aldeias do município de Tapauá, englobando dois povos indígenas: Apurinã e Paumari. Os moradores das aldeias da TI São João, que se encontram próximas da cidade de Tapauá, realizam trabalhos tanto na aldeia como na cidade. Já os que moram em aldeias mais distantes, trabalham com atividades relacionadas diretamente a seus territórios. As duas terras indígenas são bastante conservadas e produtivas, apesar da proximidade com a sede de Tapauá. Os territórios são ricos, diversos e apresentam ambientes adequados para a agricultura familiar e o extrativismo.
Governança Socioambiental
O projeto Governança Socioambiental Tapauá, do Idesam, atua no fortalecimento de cadeias de valor e de organizações socioprodutivas, além da articulação para uso e monitoramento de territórios no município. A realização da oficina foi apoiada pelo projeto. “A Amiata foi criada em 2019, mas devido à pandemia da covid-19, ficou até 2022 sem apoio. Foi quando o Idesam chegou em Tapauá e tem sido nosso parceiro desde então. Com a ajuda deles, conseguimos fazer uma nova assembleia, elegemos novos coordenadores, houve a criação do estatuto e CNPJ, da associação. O Idesam também contribuiu com a nossa inscrição no projeto do Fundo Casa Socioambiental, por onde estamos executando essa oficina”, contou Sandra Amaral.
Texto produzido em parceria com o Coletivo Jovens Comunicadores do Sul do Amazonas (Jocsam).