Por Sávio Corrêa
Não há como definir exatamente através dessas pesquisas que são realizadas por aqui quem de fato é o preferido dos eleitores santarenos ao cargo de prefeito da cidade, haja vista que assim como nas eleições municipais de 2020, essas pesquisas parecem estar mais perdidas do que cego em tiroteio, sendo que nenhuma sabe dizer ao certo qual dos dois candidatos mais cotados ao cargo está exatamente na melhor posição no ranking da votação. O certo que podemos dizer, observando através do volume de campanha e de apoios, é que a disputa está totalmente polarizada entre um candidato da “direita” e outro, digamos que da “meia esquerda”, sendo assim respectivamente JK do Povão e Zé Maria Tapajós, eis os seus nomes de campanha.
Por um lado, o candidato da “direita”, JK do Povão, que tem ao seu favor um mandato de vereador que exerceu sendo oposição da atual gestão municipal (na qual seu adversário faz parte) absorvendo diversos desmandos e mazelas que deverá utiliza-las como munição contra seu adversário nessa campanha eleitoral, conta também com o apoio de alguns políticos pouco conhecidos aqui na região, mas estima contar mesmo com o apoio do povo, se autointitulando ser o candidato da mudança, sendo corroborado com essa ideia justamente por levar em consideração os números divulgados pelas tais pesquisas que o apontavam como favorito ao cargo. Diante desse cenário, JK resolveu embarcar definitivamente na onda do bolsonarismo e assumir de vez o posto de líder bolsonarista aqui na cidade (algo que ainda não havia feito) e recebendo as bençãos do líder maior, o ex-presidente Jair Bolsonaro, conciliando uma espécie de cartada de mestre para sua campanha sabendo que Santarém é terra de bolsonarista e que isso seria o carro chefe para alcançar os votos que precisa para emplacar este pleito eleitoral, e não sou eu que estou dizendo que Santarém é terra de eleitor bolsonarista, estou apenas referendando números oficiais do TSE segundo a última eleição de 2022, onde o ex-presidente obteve quase 56% de votos do povo mocorongo. Com base nisso, podemos dizer que JK deverá abocanhar um bom pedaço de votos deste percentual, supondo descontar aí uns 20% desse total (que seriam aqueles que votaram em Bolsonaro porque não queriam Lula), o percentual de JK girará em torno de 36% desses votos que deverão ser transpassados a ele, que o colocará sem margem de erro na disputa de um eventual segundo turno nessas eleições.
Por outro lado, temos o candidato Zé Maria Tapajós, totalmente incorporado à esquerda, tendo inclusive como candidato a vice um petista, e com isso podemos dizer que Zé é uma espécie de meia esquerda, já que em seu quadro de apoiadores também tem gente que não suporta quem não é destro, como por exemplo o atual prefeito Nélio Aguiar, mas como o poder fala mais alto, Nélio teve que engolir a esquerda e se juntar a essa união e consolidação de forças jamais vista em um pleito eleitoral aqui nessa cidade para se manter no meio dos detentores do poder, numa união de forças tão grande ao ponto de colocar juntos no mesmo palanque, com direito a dancinha de carimbó e tudo, os velhos adversários políticos Maias e Martins, além de uma legião de vereadores, candidatos a vereador, deputados, senadores, ministros, governador, puxa-sacos e se duvidar, até o “tinhuso” (linguagem popular). Com esse poderio estarrecedor, o Zé carrega consigo o discurso da parceria e tenta convencer o eleitor que essa grandiosidade de poder será o melhor para Santarém. Contudo, o que podemos considerar, com relação a números, é que Zé nunca teve esses votos todos para se eleger prefeito, portanto, com todo esse apoio recebido, ele pode ter grandes chances de se emplacar nessa disputa, mas com números não muito diferentes do atual prefeito obtidos na eleição de 2020, por exemplo, onde Nélio alcançou a bagatela de 43% dos eleitores levando a disputa daquela eleição para o segundo turno, diante disso, suponhamos que Nélio e todo seu grupo consiga transferir para o Zé no máximo 70% daqueles votos obtidos naquela eleição para a eleição de agora (haja vista que um candidato nunca consegue transferir 100% de votos para outro candidato), então, o percentual de Zé deverá girar em torno dos 32%, ou seja, um quantitativo suficiente para levá-lo à disputa do segundo turno com JK.
Entretanto, é sempre bom considerar os votos dos indecisos, que geralmente, a essa altura do campeonato, giram em torno dos 25%, principalmente por ser uma disputa polarizada, e de votos de outros candidatos com menor expressão, que deve girar em torno de 7%. Com isso, vamos supor que JK venha a ganhar 10% de votos dos indecisos e que Zé também abocanhe o mesmo percentual deixando os últimos 5% para os demais candidatos, a composição do percentual de votação, considerando apenas os votos válidos, ficaria da seguinte forma: JK 46%, Zé 42% (lembrem que eu falei que a votação de Zé poderá ser parecida com a do Nélio obtida em 2020) e demais candidatos 12%. Portanto, essa seria a estimativa com maior possibilidade de acontecer nas eleições deste ano em Santarém, levando em consideração todos os argumentos citados neste artigo, ou seja, promessa de uma disputa bastante acirrada tanto para o primeiro como para o segundo turno, vamos aguardar pra ver.