Estudo revela alto risco de contaminação por mercúrio em quatro bacias da Amazônia

Por Guilherme Ferreira

Comunidades que vivem próximas às sub-bacias dos Rios Tapajós, Xingu, Mucajaí e Uraricoera, estão sob risco elevado de contaminação por mercúrio. É o que revela um estudo publicado na revista Toxic em agosto deste ano.

O estudo utilizou um modelo probabilístico desenvolvido pela Agência Ambiental Americana (US EPA) para projetar a distribuição e bioacumulação de mercúrio nos rios. Os resultados da análise destacam um risco extremamente alto de contaminação para homens e mulheres em mais de 50% das sub-bacias analisadas e números alarmantes para as populações indígenas e ribeirinhas, que estão mais próximas dos focos de contaminação.

De acordo com o estudo, mais da metade das sub-bacias do Tapajós não estão em conformidade com os critérios exigidos pela legislação ambiental brasileira. A situação é ainda mais crítica nas subunidades da Bacia do Baixo Teles Pires, Rio Apiacás e Alto e Médio Teles Pires, que apresentam porcentagem de inadequação superior a 59%.

As comunidades próximas a essas sub-bacias vivem sob ameaça do garimpo ilegal e de outras ações que afetam a qualidade da água na Amazônia. Além das atividades de mineração, as características dos ecossistemas aquáticos e a crescente construção de infraestruturas, como reservatórios para hidrelétricas, são outros fatores que também contribuem para a poluição por mercúrio.

Resultados

Bacia do Tapajós: apresenta valores de contaminação acima de 0,36 µg g-1 para peixes não-piscívoros e 6,46 µg g-1 para peixes piscívoros em várias sub-bacias.

Bacias do Uraricoera e Mucajaí: apresentam valores acima de 0,31 µg g-1 para peixes não-piscívoros e 1,79 µg g-1 para peixes piscívoros em várias sub-bacias.

Bacia do Xingu: apresenta valores de contaminação acima de 0,092 µg g-1 para peixes não-piscívoros e 0,7017 µg g-1 para peixes piscívoros em várias sub-bacias.

Os resultados do estudo oferecem bases científicas para o planejamento e implementação de intervenções eficazes nas regiões afetadas pela contaminação.

Riscos para a saúde e o meio ambiente

O mercúrio é amplamente utilizado no garimpo ilegal para separar o ouro dos demais sedimentos.

Ele é um metal altamente tóxico que pode provocar problemas ambientais graves, como a remoção da cobertura vegetal, a morte de rios e a contaminação de peixes.

Além dos prejuízos ao meio ambiente, o mercúrio também traz riscos para a saúde. O consumo de alimentos e água contaminada pode afetar o sistema nervoso central, causar distúrbios renais, cardiovasculares e imunológicos e comprometer a visão e o sistema respiratório.

O estudo, publicado em inglês, pode ser lido aqui: https://www.mdpi.com/2305-6304/12/8/599

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