Polícia intensifica investigações contra grupos que lucram com jogos de azar online e apostas esportivas no oeste do Pará

A Polícia Federal (PF) tem intensificado, em todo o país, suas investigações para desmantelar grupos organizados que operam no mercado de jogos de azar online e apostas esportivas. No Pará, segundo uma fonte da PF de Belém, há investigação em curso em diversos municípios paraenses, especialmente em Santarém e cidades do oeste do estado. A operação visa identificar e neutralizar indivíduos e empresas que lucram com jogos como “Tigrinhos” e outras apostas virtuais de origem estrangeira, que não possuem autorização para operar no Brasil.

Há diversos grupos sob investigação suspeitos de realizar operações financeiras vultosas para plataformas internacionais de apostas, movimentando milhões em nome de terceiros. Para atrair jogadores, influenciadores locais e de outras regiões do Pará utilizam suas redes sociais para compartilhar os jogos e promover promessas de ganhos fáceis e elevados, intensificando a exposição de estilos de vida de luxo, com exibições ostensivas de carros importados, joias e outros itens de alto valor. O objetivo dos investigadores é entender como esses influenciadores podem estar vinculados ao esquema e se eles também participam do processo de captação de jogadores.

De acordo com a PF, muitos desses grupos operam uma rede sofisticada de empresas que, sob o pretexto de fornecer serviços tecnológicos de pagamento, viabilizam a movimentação de capital para plataformas de jogos de azar e apostas esportivas estrangeiras. Essas empresas estão espalhadas por diversas regiões do país e prestam serviços de pagamento para plataformas digitais de origem internacional que não têm autorização para operar no Brasil.

Além das suspeitas de envolvimento com plataformas de apostas, a PF descobriu indícios de que esses grupos utilizam suas operações financeiras para práticas de lavagem de dinheiro. Por meio de empresas intermediárias, esses fundos ilícitos são disfarçados como transações legais e redirecionados a contas de terceiros, incluindo supostos agentes públicos e outros suspeitos de crimes variados, como tráfico de drogas.

A investigação estendida para a região oeste do Pará visa apurar onde influenciadores locais promovem esses jogos de azar nas redes sociais. A PF está investigando se o esquema pode ter ramificações maiores, envolvendo pessoas que utilizam seu alcance digital para atrair novos apostadores e, em troca, recebem comissões ou valores significativos. Em algumas das publicações, esses influenciadores prometem retornos financeiros altíssimos para quem participar dos jogos, o que tem gerado um aumento no número de participantes e despertado a atenção das autoridades.

Segundo a fonte da PF ouvida pelo QP, o principal objetivo da operação é impedir que essas plataformas continuem a operar ilegalmente e lucrar com apostas que não possuem regulamentação no país. Além disso, a investigação tem como meta rastrear todos os fluxos financeiros atrelados ao grupo, identificando ligações com possíveis atividades criminosas, como o tráfico de drogas. O desmonte dessa rede pode implicar na responsabilização criminal dos envolvidos, incluindo influenciadores que promovem esses jogos.

Os envolvidos podem responder por crimes como lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa, estelionato, e outras infrações correlatas.

Investigações por todo o Brasil

A promoção de jogos de azar por influenciadores digitais e a presença maciça de empresas de apostas esportivas no Brasil têm levantado suspeitas das autoridades brasileiras, que deram início a investigações em vários estados do país para apurar a atuação de grupos criminosos no mercado de “bets”.

No final do ano passado, a Polícia Civil do Estado do Pará deflagrou a operação “Truque de Mestre”, que teve como alvo influenciadores digitais que divulgavam jogos de azar nas redes sociais. Segundo a polícia, os investigados movimentavam uma grande quantia em dinheiro ao incentivarem os seguidores a aderirem às plataformas de jogos. Uma das investigadas teria movimentado mais de R$23 milhões em apenas dois meses.

Em agosto deste ano, a Polícia Civil realizou uma operação para investigar um esquema ilegal de divulgação e arrecadação de valores por meio de jogos de azar no interior de São Paulo. Durante a operação, denominada “Rifas Lucrativas”, os policiais apreenderam oito computadores e seis veículos de luxo que pertenciam a um casal de influenciadores digitais de Itupeva (SP). A dupla somava mais de 12 milhões de seguidores no Instagram e agia promovendo jogos de azar e realizando rifas de forma ilegal.

Outra operação, realizada no mês passado, investigou uma organização criminosa com envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro de jogos ilegais. Na ação, coordenada pela Polícia Civil de Pernambuco, foram cumpridos 19 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão nas cidades de Recife (PE), Barueri (SP), Campina Grande (PB), Cascavel (PR), Curitiba (PR) e Goiânia (GO).

Entre os indiciados na operação estavam o cantor sertanejo Gusttavo Lima e a influenciadora Deolane Bezerra, além de empresários e sócios de empresas de apostas esportivas. De acordo com as investigações, o grupo movimentou quase R$3 bilhões provenientes de jogos ilegais e lavagem de dinheiro.

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