Uma investigação da Polícia Federal revelou a participação de dois policiais militares de Rondônia, um da Bahia e dois agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em um esquema de tráfico interestadual de drogas. Os cinco homens foram presos durante a Operação Puritas, que cumpriu 15 mandados de prisão contra membros de uma organização criminosa voltada para o tráfico de cocaína.
De acordo com o site Metrópoles, os agentes não apenas transportavam drogas, mas também repassavam informações sigilosas para facilitar as atividades da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Conversas interceptadas pela Polícia Federal mostram os envolvidos negociando valores e estratégias para evitar fiscalizações nas rodovias.
Quem são os envolvidos
Diego Dias Duarte (“Robocop” ou “DDD”) – Lotado na Bahia, o agente da PRF era responsável por realizar consultas nos sistemas da corporação para orientar criminosos sobre fiscalizações nas rodovias. Além disso, ele participava diretamente do transporte de drogas. Em sua posse, as autoridades encontraram um cofre com R$ 580 mil e US$ 8,1 mil em espécie.
Raphael Ângelo Alves da Nóbrega – Também agente da PRF, Raphael foi preso em flagrante em julho de 2023 transportando 542 kg de cocaína em Canarana (MT). Durante a tentativa de fuga, ele capotou a caminhonete que dirigia e foi capturado após tentar escapar em um táxi. Segundo a PF, Raphael recebeu um Jeep Compass como pagamento por um dos transportes de drogas.
Roberte Paulo Aguiar Souza (“Cabo Aguiar”) – Policial militar de Rondônia, o cabo foi preso em janeiro de 2022 transportando 500 kg de cocaína. Com salário de R$ 6.195,79, Aguiar está atualmente foragido.
Gedeon Rocha de Almeida (“G. Rocha”) – Sargento da PM em Rondônia, Gedeon foi preso junto com o cabo Aguiar em 2022. Com salário de R$ 7.658,20, ele atuava como batedor, alertando sobre possíveis fiscalizações nas rodovias.
Francisco de Assis Araújo Melo – Cabo da PM na Bahia, Francisco foi preso em flagrante no Ceará, em 2022, transportando R$ 689 mil em dinheiro e munições de fuzil. Ele recebia um salário de R$ 6.084,29.
Os diálogos interceptados – A investigação revelou diálogos que demonstram como os agentes negociavam os valores para o transporte de drogas. Entre 17 e 19 de dezembro de 2021, Diego e Raphael discutiam sobre o valor de R$ 35 mil oferecido para transportar 70 kg de cocaína, considerado “baixo” pelos envolvidos. Eles defendiam que o pagamento deveria ser de pelo menos R$ 105 mil.
“Leo apertando… Tá meio desesperado… Diz q vai abrir as portas pra gente… N sei se é algo q ele deve/prometeu ou q realmente abrirá portas e por isso tanta importância”, escreveu Raphael para Diego em uma das conversas.
O esquema criminoso – Além de realizarem o transporte de entorpecentes, os agentes utilizavam veículos alugados para não levantar suspeitas e acessavam sistemas da PRF para ajudar a quadrilha a evitar barreiras policiais.
A operação, que desmantelou a rede criminosa, trouxe à tona a gravidade da infiltração de agentes públicos no tráfico de drogas e abriu novas frentes de investigação.
Próximos passos – A Polícia Federal segue monitorando outros possíveis envolvidos no esquema e busca intensificar ações para evitar a participação de agentes públicos em organizações criminosas. O caso reacende o debate sobre a necessidade de maior controle interno e punições rigorosas para quem se associa ao crime organizado.