Operação da Polícia Federal prende funcionários públicos suspeitos de ajudar garimpos ilegais

Por Guilherme Ferreira

A Polícia Federal realiza nesta quinta-feira (28) uma operação contra servidores públicos suspeitos de integrar uma organização criminosa que atua na cadeia produtiva do ouro ilegalmente. O tenente-coronel Campos, comandante do 15º Batalhão de Polícia Militar (15º BPM), e o coronel Pedro, comandante do Comando de Policiamento Regional 10 (CPR-10), estão entre os investigados.

Denominada Operação Cobiça, a ação da PF é voltada ao combate de crimes ambientais na região do Tapajós, oeste paraense.

Estão sendo cumpridos 21 mandados de busca e 4 mandados de prisão, além de sequestro de bens e afastamento da função pública nas cidades de Santarém, Itaituba, Altamira, Rio de Janeiro e Goiânia. A operação resultou, até o momento, na prisão preventiva de dois servidores públicos e dois empresários, e na apreensão de oito carros de luxo, celulares, joias e quantidade ainda não contabilizada de ouro e dinheiro.

De acordo com as investigações, os alvos da operação receberam, durante meses sucessivos, pagamentos de empresas e outras pessoas investigadas pela comercialização de ouro de terras indígenas e de área de reserva legal. O dinheiro, aponta a PF, seria para que os servidores públicos facilitassem ou não reprimissem os crimes ambientais cometidos pelas empresas, além de atuarem na logística e segurança do ouro ilegal.

Ainda segundo as investigações, um dos envolvidos teria recebido R$ 4 mil por mês para não embaraçar o negócio ilegal. Outros investigados dividiam R$ 10 mil mensais para estarem à disposição da empresa, inclusive em horários de expediente e usando carro e outros materiais de trabalho institucionais. Um empresário investigado na operação já havia sido condenado três vezes por tráfico de drogas, além de ter condenações por receptação, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação para o tráfico.

Os envolvidos deverão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e organização criminosa.

Origem do ouro – A Polícia Federal informou que há fortes indícios de que o ouro comercializado pelo grupo criminosa seja proveniente de garimpos ilegais localizados no interior e ao redor da Terra Indígena Mundukuru.

A área é uma das mais devastadas pela atuação de garimpeiros ilegais e atualmente está em processo de desintrusão em grande operação, que também conta com a participação da PF.

Ação é desdobramento de operação realizada em Rondônia – A operação Cobiça é desdobramento da operação Ganância, realizada pela Polícia Federal em Rondônia, em 2022, que investigou desvio de recursos públicos federais.

As empresas envolvidas no esquema teriam causado dano ambiental em área de 212 hectares, extraindo quantidade de minérios superior à permitida na guia de utilização. Entre os anos de 2020 e 2021, o grupo teve um rendimento estimado superior a R$ 1 bilhão, extraindo minérios acima da quantidade autorizada em áreas proibidas.

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