Comunidades quilombolas de Oriximiná recebem equipamentos para enfrentar a seca.

Foto: Arqmo

143 famílias serão beneficiadas com a entrega de caixas d’água, mangueiras, bomba d’água e hipoclorito, substância usado para o tratamento da água para consumo humano.

Por: Martha Costa

Em meio à exuberante beleza da Amazônia, os quilombos de Oriximiná, na região do Baixo Amazonas, enfrentam um desafio implacável: a seca extrema e a grande estiagem do rio Trombetas. As mudanças climáticas, cada vez mais evidentes, têm causado estiagens severas, afetando o acesso à água e a segurança alimentar de comunidades tradicionais.

A seca tem causado diversos impactos na vida das comunidades quilombolas. A falta de água para consumo humano obriga as famílias a percorrer longas distâncias para buscar água em rios e igarapés, muitas vezes com qualidade inapropriada para consumo humano devido a diversos fatores. Outro impacto direto é o da produção de alimentos, já que a seca dificulta o plantio e a criação de animais.

A moradia sobre palafitas sinaliza o nível do rio no período das enchentes, na seca, o solo rachado demonstra a vulnerabilidade pela falta d’água. Foto: Arqmo.

Diante deste cenário preocupante, a Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (Arqmo) com apoio do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), está se destacando na luta contra os impactos da seca dentro dos territórios Quilombolas de Oriximiná.

Felipe Pires, coordenador do Programa Floresta de Valor, ressaltou que a iniciativa surge a partir da necessidade de enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas, da escassez da água e dos riscos à vida das populações quilombolas de Oriximiná que vivem às margens do rio Trombetas e seus afluentes.

“Nos últimos anos a gente vem observando a falta do acesso a água, ou mesmo eles ficarem muito distantes, com o sistema de bombeamento de água vai ajudar como uma alternativa e existem outras tecnologias que estamos olhando para garantir a produção de alimentos bem como a qualidade de vida e bem-estar dessas famílias nestes territórios.”

O transporte dos equipamentos é realizado por meio fluvial, é uma das poucas vias de acesso às comunidades quilombolas que no período da seca ficam isoladas. Foto: Arqmo.

Bombas d’água, caixas d’água, mangueiras e hipoclorito são alguns dos itens adquiridos por meio do Instituto da Criança (ICS) que destinou R$ 243 mil reais para apoiar o projeto. O hipoclorito é uma substância utilizada para tornar a água potável, eliminando bactérias e outros microorganismos nocivos à saúde. Segundo Rogério Pereira, coordenador administrativo da Arqmo, aproximadamente 140 famílias quilombolas serão contempladas neste primeiro momento.

“Então, algumas famílias vão receber mangueiras, caixas d’agua, bombas d’água e assim nós vamos buscar atender 143 famílias e vamos buscar outros projetos e trabalhando com a união de esforços pode trazer resultados significativos”, enfatizou Rogério Pereira.

Com uso de bomba d’água e mangueira, comunitário enche caixa d’agua na Comunidade Espirito Santo Território Erepecuru. Foto: Arqmo.

Além desta iniciativa junto ao Imaflora, a Arqmo também aguarda a implementação de outros projetos, como o Cisterna, que deverá beneficiar mais de 300 famílias em Oriximiná, uma parceria junto ao projeto Saúde e Alegria por meio do Governo Federal.

O projeto desenvolvido pela Arqmo, com aporte financeiro do Instituto da Criança e parceria do Imaflora e contemplará famílias de 16 comunidades dentro dos territórios de Boa Vista Trombetas, Erepecuru, Área Trombetas, Alto Trombetas 1 e Cachoeira Porteira.

Dificuldade no transporte escolar resulta na mudança do calendário escolar dentro das comunidades quilombolas. Foto: Arqmo.

Sobre o Imaflora
Desde 1995, atua na promoção do uso sustentável e inclusivo dos recursos naturais. Seus projetos conciliam conservação ambiental e desenvolvimento econômico, atendendo a demandas das cadeias florestal, agropecuária, da sociobiodiversidade e da agenda climática. Realiza trabalho em campo, assistência técnica, serviços ESG e certificações, além de pesquisa e desenvolvimento de dados. (www.imaflora.org).

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