A tranquilidade das águas do Rio Amazonas esconde um dos maiores desafios da segurança pública no Brasil: o avanço implacável do tráfico internacional de drogas na região amazônica. Especialmente no oeste do Pará, as embarcações fluviais vêm sendo usadas como corredores clandestinos para o transporte de grandes carregamentos de entorpecentes vindos da Colômbia, Bolívia e Peru.

Nesta sexta-feira (4), a Polícia Civil realizou uma das maiores apreensões de entorpecentes da história do estado. Uma balsa vinda do Amazonas foi interceptada no trecho entre Santarém e Óbidos, transportando de forma camuflada mais de 2,2 toneladas de drogas — sendo 1,3 tonelada de cocaína e 872 kg de maconha tipo skunk. A operação culminou na prisão de 10 homens, incluindo um narcotraficante foragido da Justiça.
A ação foi resultado de meses de investigação conduzida pela Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), Núcleo de Investigação Policial (NIP), Núcleo de Apoio à Investigação (NAI) e a Superintendência do Baixo e Médio Amazonas, com suporte da Base Integrada Fluvial Candiru.
Durante três dias de vigilância ininterrupta às margens do Rio Amazonas, os agentes monitoraram cada movimento suspeito. A abordagem aconteceu às 2h da madrugada. Os policiais precisaram mergulhar no casco da balsa e cortar partes da estrutura para localizar os compartimentos secretos onde a droga estava escondida.

“Ao todo, retiramos de circulação mais de duas toneladas de entorpecentes. Isso representa um duro golpe contra as organizações criminosas que exploram as rotas fluviais da região”, destacou o delegado-geral adjunto da PCPA, Temmer Khayat.
Localizada estrategicamente no município de Óbidos, a Base Integrada Fluvial Candiru tornou-se um ponto-chave no combate ao tráfico. Em seis meses de funcionamento, a unidade já apreendeu mais de 270 kg de drogas, prendeu 19 pessoas em flagrante e realizou mais de 37 mil abordagens.
Segundo o titular da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Ualame Machado, “não há como escoar drogas pelos rios da Amazônia sem passar pelo Pará. A Base Candiru foi instalada no ponto exato onde conseguimos interceptar essas cargas antes que cheguem aos portos de exportação”.
O tráfico de drogas na região tem se mostrado cada vez mais ousado. Em outro caso, uma mulher com uma criança de colo e outros três adultos — incluindo um adolescente — foram presos ao tentarem transportar drogas presas ao corpo em uma embarcação fiscalizada na Base Candiru.
Durante a revista, foram apreendidos 02 tabletes de skunk (2,340 kg) e 05 tabletes de pedra de crack (5,255 kg). O Conselho Tutelar foi acionado para acompanhar o caso devido à presença de menores de idade.
Ainda mais alarmante foi a apreensão realizada no dia 13 de janeiro, na comunidade Caridade, em Almeirim, onde mais de 200 kg de maconha foram encontrados em um barco. Entre os envolvidos, estavam três agentes de segurança pública: um sargento da PM aposentado, um bombeiro e um investigador da Polícia Civil, todos já presos preventivamente.
As forças de segurança têm intensificado ações integradas para desarticular as rotas fluviais do narcotráfico, mas os desafios permanecem. Com o envolvimento de redes criminosas transnacionais, a Amazônia se tornou ponto estratégico para a logística das drogas que abastecem grandes centros urbanos e até mercados internacionais.
A população da região precisa estar vigilante e colaborar com o trabalho das autoridades. Toda e qualquer informação sobre tráfico de drogas pode ser repassada de forma anônima e sigilosa por meio do Disque-Denúncia 181 ou pelo WhatsApp (91) 98115-9181, com a assistente virtual Iara.
A sua denúncia pode salvar vidas e ajudar a enfraquecer as organizações criminosas que atuam no coração da Amazônia. Compartilhe esta matéria, denuncie, participe!