O Dia Internacional dos Trabalhadores, celebrado nesta quinta-feira (1º), reacende no Brasil o debate sobre as condições de trabalho impostas a milhões de pessoas, especialmente em setores marcados por jornadas exaustivas e poucas garantias. Uma das discussões centrais deste ano gira em torno da chamada escala 6×1, regime que obriga o trabalhador a atuar por seis dias consecutivos, com apenas um dia de descanso — formato legalizado, mas cada vez mais questionado por movimentos sociais, especialistas em saúde do trabalho e parlamentares.
Entre as iniciativas que visam rever esse modelo, destaca-se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 8/2025, apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). O texto propõe a redução da jornada semanal para quatro dias de trabalho e três de descanso, totalizando até 36 horas semanais, sem prejuízo salarial. A proposta se baseia em experiências internacionais e estudos que apontam melhorias na produtividade e na saúde dos trabalhadores quando há ampliação do tempo livre.
A vereadora Marinor Brito (PSOL-PA), referência no Pará por sua atuação em defesa de direitos sociais, tem pautado o tema localmente, associando a proposta a uma agenda de retomada do sentido original do 1º de Maio. “O 1º de Maio não é dia de festa. É dia de memória, resistência e combate”, afirmou a vereadora, durante agenda com movimentos populares em Belém.
Marinor critica a naturalização da jornada intensiva e a precarização das relações de trabalho, que afetam especialmente as mulheres, os jovens e os trabalhadores periféricos. Para ela, o debate sobre o fim da escala 6×1 deve ser tratado como prioridade em um país que acumula altos índices de adoecimento relacionado ao trabalho.
A data, marcada por manifestações em diferentes capitais brasileiras, tem resgatado também seu caráter internacionalista. Entidades sindicais têm reiterado que os desafios enfrentados no Brasil — como o avanço da informalidade, a uberização e o desmonte de direitos — estão inseridos em uma lógica global de exploração do trabalho.
“O que está em disputa é o tempo das pessoas”, declarou Marinor. “Trabalhar não pode significar abrir mão de viver. Defender o fim da escala 6×1 é defender dignidade.”
A PEC segue em tramitação na Câmara dos Deputados, e, segundo especialistas, deverá enfrentar resistência de setores empresariais. Ainda assim, o tema vem ganhando força entre bancadas progressistas, sindicatos e trabalhadores organizados, que veem na mudança uma forma concreta de equilibrar vida pessoal e profissional.