Apesar dos alertas e dos danos irreversíveis causados à floresta, uma das técnicas mais destrutivas de desmatamento na Amazônia ainda resiste: o correntão. Com dois tratores de esteira puxando uma imensa corrente de aço, essa prática é capaz de derrubar árvores centenárias, esmagar animais silvestres e rasgar o solo em questão de minutos. Estima-se que o método seja capaz de devastar o equivalente a 10 campos de futebol por dia.
Proibido em áreas protegidas e combatido pelo Código Florestal desde 2012, o correntão continua sendo utilizado graças a brechas legais existentes em alguns estados. Ambientalistas, pesquisadores e lideranças indígenas denunciam que a falta de uma proibição nacional explícita facilita o avanço da devastação.
“O correntão não apenas derruba a vegetação, ele destrói o solo, a fauna, os ninhos, tudo. É desmatamento em larga escala, feito com brutalidade e sem qualquer preocupação com a recuperação da floresta”, explica um especialista em meio ambiente ouvido pela reportagem.
As consequências vão muito além da perda de árvores. O solo degradado perde a capacidade de regeneração, há aumento do risco de incêndios e o processo de desertificação se intensifica. Tudo isso contribui diretamente para as mudanças climáticas globais.
Moradores tradicionais e lideranças indígenas relatam o impacto em seus modos de vida. “A gente escuta a floresta cair. Depois vem o fogo, e os rios secam. Isso mata nosso sustento”, diz uma liderança ribeirinha.
Mesmo com operações pontuais do Ibama e da Polícia Federal, o uso do correntão por grileiros e grandes invasores de terra continua ocorrendo especialmente em áreas remotas, onde a fiscalização enfrenta sérias limitações. O uso do equipamento requer alto investimento, indicando planejamento e estrutura por trás da devastação.
O que pode mudar isso?
O Projeto de Lei 5.268/2020, que proíbe de forma definitiva e nacional o uso do correntão, está parado no Congresso Nacional. Ambientalistas e ONGs pedem pressão popular para que a proposta volte a tramitar e seja aprovada.
Você pode ajudar a proteger a floresta assinando o manifesto pelo fim do correntão, como cidadão ou organização:
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