Fiscalização em área de manejo da Acorjuve em Juruti expõe dúvidas e denúncias de devastação florestal

Uma fiscalização realizada nesta sexta-feira (23), no projeto de manejo florestal da Associação Comunitária Rural de Juruti Velho (Acorjuve), trouxe à tona uma série de denúncias e preocupações da comunidade local quanto à exploração madeireira na região. A operação ocorreu em Juruti Velho, zona rural do município de Juruti, no oeste do Pará, e contou com a participação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Polícia Ambiental, Polícia Militar e agentes da Base Candiru.

A ação foi motivada por denúncias de moradores que alegam que a floresta está sendo devastada sob o pretexto de um manejo florestal legalizado. Eles questionam a falta de diálogo da Acorjuve com a comunidade, a ausência de repasses financeiros aos moradores e a falta de transparência sobre os volumes de madeira extraídos e os lucros obtidos com a atividade.

Segundo os comunitários, embora o projeto tenha licenciamento ambiental concedido pela Semas, muitos desconhecem os detalhes da autorização e alegam que não foram consultados ou sequer informados sobre as etapas do processo de licenciamento. “Eles exploram a madeira como se a comunidade inteira tivesse concordado, mas muitos aqui não sabiam de nada. Só vimos o barulho das motosserras e os caminhões saindo carregados”, disse uma moradora que preferiu não se identificar.

Durante a fiscalização, agentes inspecionaram documentos, observaram a área explorada e recolheram informações para verificar se a exploração está obedecendo os limites previstos no plano de manejo. O projeto da Acorjuve está devidamente licenciado, mas que toda denúncia será apurada com rigor. O licenciamento, no entanto, impõe limites técnicos claros, e o cumprimento é obrigatório. Caso sejam constatadas irregularidades, o empreendimento será responsabilizado.

Uma das principais cobranças dos moradores diz respeito ao destino dos recursos oriundos da venda da madeira. Segundo relatos, não há prestação de contas por parte da diretoria da associação, nem evidências de investimentos sociais na comunidade. “Queremos saber para onde está indo esse dinheiro. A floresta é nossa, e não vemos nenhum benefício. Cadê o retorno para o povo?”, questiona outro comunitário.

A diretoria da Acorjuve ainda não se pronunciou publicamente sobre as denúncias.

Os moradores também pedem que o licenciamento ambiental seja revisto, com maior participação social e critérios mais rígidos, para evitar que projetos de manejo resultem em degradação ambiental e desrespeito aos direitos coletivos.

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