O fornecimento da merenda escolar em Mojuí dos Campos, no oeste do Pará, virou alvo de uma grave denúncia feita pelo vereador Wallace Lalá. Em pronunciamento na Câmara de Vereadores nesta semana, o parlamentar expôs um contrato firmado pela Prefeitura com a empresa JNA, no valor de R$ 1.383.000, que, segundo ele, apresenta indícios evidentes de supostas irregularidades.
O que mais chamou a atenção do vereador foi o fato de a empresa contratada não ter histórico no setor alimentício. Conforme destacou na tribuna da Câmara, a JNA é registrada no município de Salinópolis e atua no ramo de vendas de motocicletas — o que levanta suspeitas sobre a legalidade e a transparência do processo de contratação.
“É inaceitável. Estamos falando de recursos públicos, de alimentação escolar para nossas crianças, e uma empresa que vende motos é a responsável por fornecer gêneros alimentícios? Isso precisa ser investigado”, afirmou Wallace Lalá.
Além do perfil incompatível da empresa, os preços listados no contrato chamam atenção por serem consideravelmente mais baixos que os praticados no mercado. Alguns exemplos citados pelo parlamentar:
Óleo de soja: R$ 1,00 (valor de mercado varia de R$ 7,00 a R$ 10,00)
Açúcar: R$ 2,90 (média de R$ 4,00)
Leite em pó: R$ 4,00 (mercado aponta média de R$ 8,00)
Arroz: R$ 3,00 (valor de mercado entre R$ 7,50 e R$ 8,00)
Biscoito: R$ 2,00 (mínimo encontrado é R$ 3,50)
“Você, dona de casa, sabe que não existe óleo de soja a R$ 1,00 em lugar nenhum. Isso é um verdadeiro absurdo e precisa ser esclarecido”, declarou o vereador em sua fala.
Segundo Wallace, o contrato de número 006/2025 foi obtido após várias tentativas desde o início do seu mandato. Com o documento em mãos, ele afirma que as dúvidas só aumentaram, especialmente pela combinação de preços irreais e uma empresa sem vínculo com o ramo alimentício.
O parlamentar confirmou que pretende encaminhar a denúncia aos órgãos de controle, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), para que sejam apurados indícios de fraude, possível superfaturamento e eventuais crimes contra a administração pública.
A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Mojuí dos Campos e com representantes da empresa JNA para obter esclarecimentos sobre o contrato, mas até o fechamento desta matéria, não houve retorno.