Major que agrediu a mãe no Pará ganha viagem oficial para Portugal

O governador do Pará, Helder Barbalho, autorizou oficialmente, por meio de decreto publicado no último dia 26 de junho, no Diário Oficial do Estado (DOE), o deslocamento do major da Polícia Militar José Rogério da Silva Holanda para uma missão oficial em Lisboa, Portugal, entre os dias 28 de junho e 5 de julho de 2025. A decisão do chefe do Executivo estadual causou repercussão, já que o oficial foi denunciado por agredir física e verbalmente a própria mãe.

O episódio foi amplamente divulgado nas redes sociais, e ocorreu no bairro da Pedreira, em Belém, no dia 25 de junho — exatamente no mesmo dia da publicação do decreto. Em vídeo gravado pela própria mãe do militar, o major aparece exaltado, acusando-a de bater em seu cachorro. Durante a discussão, ele agride verbalmente a mulher e chega a derrubar o celular usado para filmar a cena.

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O caso está sob apuração da Corregedoria da PM, mas até o momento não há informações oficiais sobre afastamento, medidas disciplinares ou ações de proteção à vítima. A situação ganhou contornos ainda mais polêmicos quando, dois dias depois do episódio, o oficial recebeu autorização formal para representar o Governo do Estado no exterior, em meio a um escândalo de violência doméstica.

Esta não é a primeira vez que o major José Rogério se envolve em uma situação judicial controversa. Em fevereiro deste ano, ele retirou o filho da escola e passou a manter a criança consigo, contrariando decisão da 1ª Vara de Família de Belém, que estabelecia guarda com a mãe.

Mesmo diante da determinação judicial que fixava prazo de 24 horas para a devolução do filho e dos documentos à mãe, o major ignorou a ordem. A justiça chegou a autorizar busca e apreensão do menor e estipulou multa de R$ 1 mil por dia de descumprimento, limitada a R$ 10 mil. A promotora Mônica Rei Moreira Freire, do Ministério Público do Pará, encaminhou o caso aos promotores responsáveis para medidas cabíveis.

José Rogério da Silva Holanda atua como Ajudante de Ordens da Casa Militar da Governadoria, cargo de confiança diretamente vinculado ao gabinete do governador. A permanência do oficial em missão internacional, mesmo diante das acusações e do histórico de conduta incompatível com a função pública, acendeu o alerta entre entidades de defesa dos direitos das mulheres e da infância.

Até o momento, nem o Governo do Estado nem a Polícia Militar do Pará se manifestaram sobre o impacto das denúncias no envio do major para representar o Pará fora do país.

A repercussão do caso aumentou a pressão popular por explicações e providências, tanto do Executivo quanto das forças de segurança. Organizações da sociedade civil denunciam o que chamam de “blindagem institucional” e cobram responsabilização urgente.

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