Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (PPGSND), da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), revelou que o subproduto da produção de óleo de andiroba pode ser uma arma natural no combate a carrapatos.
A andiroba, planta típica da Amazônia e cientificamente conhecida como Carapa guianensis, tem suas sementes prensadas para a extração do óleo, muito usado na medicina popular e na cosmética. Mas o que sobra desse processo — geralmente descartado — foi o foco do estudo. O resíduo mostrou propriedades acaricidas promissoras, ou seja, capazes de matar carrapatos, especialmente a espécie Dermacentor nitens, que costuma infestar cavalos.
Os testes demonstraram que o extrato obtido do resíduo de andiroba, em concentração de 5%, eliminou todos os carrapatos submetidos ao experimento. Os resultados foram publicados na revista científica internacional Veterinary Sciences, com autoria de nove pesquisadores da Ufopa.
Atualmente, o controle desses parasitas depende, em grande parte, de produtos químicos em pó aplicados diretamente nos animais. O uso frequente e descontrolado desses compostos, no entanto, tem gerado resistência entre os carrapatos, tornando o tratamento menos eficaz. A pesquisa da Ufopa surge, assim, como uma alternativa sustentável e natural ao controle dessas infestações.
O estudo contou com financiamento da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os resultados abrem caminho para o desenvolvimento de novos produtos veterinários com menor impacto ambiental e maior eficiência no controle de pragas.