Opinião: Qual é o índice de satisfação dos professores na sala de aula hoje?

Por: Uemerson Florencio*

A satisfação é total ou parcial? E a insatisfação é total ou parcial? Ou vive na total indiferença? Por meio de muitas portas passam a insatisfação de muitos professores, entre eles, destacamos:

– A falta de valorização e o reconhecimento profissional é uma realidade para a maioria da categoria seja no ambiente público ou privado. O reconhecimento aqui expresso não significa receber qualquer tipo de medalha ou troféu, aplica-se aos diversos circunstâncias no exercício da profissão. Diante das diversas realidades enfrentadas, quem hoje se sente plenamente feliz trabalhando na área da educação?

– Melhores condições de trabalho. Atualmente já existem escolas orientando os professores para que ajam com os alunos como se eles estivessem em suas casas, acolhendo inclusive, até as desobediências ou indisciplinas. A falta de alinhamentos pedagógicos, o fluxo de sistemas inoperantes que requerem acessos específicos, mas nunca funcionam como se devem se tratando da escola pública. Não se pode esquecer quanto aos aspectos salariais que na maioria das vezes estão incompatíveis com as diversas cargas acumuladas e vulnerabilidades envolvidas no exercício da profissão, seja pública ou privada.

– Gestão orientada para constante aprovação. Em algumas políticas públicas pode-se observar grande esforço para atingir as metas de aprovações, com isso, dispensar qualquer nota vermelha na caderneta dos alunos. Olha bem, a que ponto esta o sistema público em algumas cidades ou Estados.

– A sobrecarga de jornadas de trabalho. Além de atender os expedientes da sala de aula, cumprir com jornadas estendidas em casa para cumprir com o cronograma escolar e não ter remuneração para nada disso.

– Diretores ou coordenações escolares inconvenientes. Aqueles que costumam criar barreiras perante os projetos pedagógicos elaborados pelos professores que desejam melhorar o desenvolvimento de seus alunos.

– Cresce o fluxo de laudos para justificar o cenário clínico de crianças consideradas atípicas ou neuro divergentes. Quando na maioria das vezes é falta de controle disciplinar dos próprios pais, muita birra das crianças e os pais vão abrindo mão de impor limites claros e discipliná-los com firmeza. Vale ressaltar que ter firmeza na voz, não é o mesmo que gritar nos pés dos ouvidos com xingamentos, até para evitar equívocos.

– A frustração, o cansaço ou a exaustão em função dos atuais perfis de alunos, pais e inclusive, os modelos de gestão das escolas. Neste caso, não importa se as escolas são particulares ou públicas, mesmo porque, gerir a saúde emocional é um desafio diário. Mas são poucos os profissionais que conseguem chegar no final do calendário letivo com um sorriso de alegria e satisfação na face.

– Cresce o número de pais que querem interferir na forma como os professores ministrem as suas aulas para o agrado de seus filhos. Como os profissionais vai enfrentar esta realidade de cabeça serena e pacífica? Nem todos tem a mesma estrutura emocional para suportar certos níveis de enfrentamentos diante de conflitos de interesses, onde os pais são protagonistas.

– Hoje, temos pais que questionam dos professores como eles podem lidar com os próprios filhos. Como encarar esta realidade se os filhos permanecem com os professores apenas durante um turno, se tratando das séries iniciais? São os pais que colocaram no mundo que estão dentro deste conflito, pois já não sabem o que fazer para disciplinar, educar com base em valores. Resumindo, cada um dá o que tem, se grita por socorro é porque não tem competência emocional para maternidade ou paternidade.

– Como professores com alto nível de insatisfação, frustração e indiferença criarem condições favoráveis para o desenvolvimento intelectual e emocional dos seus alunos? É muito contraditório, pois não irá. Afinal, quando não se quer fazer algo com alegria, satisfação ou prazer, por mais currículo que se tenha, não conseguirá agregar valor verdadeiro e humano de modo a alcançar as necessidades reais dos alunos com excelência. 

– A falta de treinamentos e ações para a integração da equipe escolar no sentido de reduzir a rigidez nas relações por vezes desgastadas e cheias de ruídos na comunicação interna. Apesar de serem professores, tem também os seus vícios comportamentais, alguns mais que outros e por vezes, pode acontecer de alguns profissionais adotarem posturas tóxicas ou abusivas entre os colegas. Quantos profissionais os colegas querem manter total distância por conta das condutas inadequadas?

Os gestores educacionais atravessam por um momento muito dinâmico, nos quais, requer total atenção para a sua equipe. Há uma grande necessidade de ter profissionais da psicologia no ambiente escolar com o propósito de atender os professores. Afinal, eles cuidam de muitos alunos, mas na realidade quem pode cuidar deles que estão na linha frente, vítima das suas próprias dores?

* Uemerson Florêncio – Escritor. Treinador, palestrante e correspondente internacional, onde expõe sobre a análise da linguagem corporal, gestão da imagem, reputação e crises.

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