Após dois dias de julgamento intenso, o Tribunal do Júri da 3ª Vara Criminal de Santarém, no oeste do Pará, condenou um dos cinco acusados pelo assassinato cruel de Antonio Carlos Ferreira da Silva, o “Preto”, ocorrido em 2017, na comunidade de Boim. Glaciado dos Santos Souza foi sentenciado a 21 anos e 4 meses de prisão em regime fechado e saiu do Fórum já sob custódia. Os outros quatro réus foram absolvidos por falta de provas concretas.
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O caso, que chocou a comunidade ribeirinha, é lembrado pela extrema violência da execução: Antonio Carlos foi agredido com pedaços de madeira, golpes de facão e teve o corpo incendiado ainda com sinais vitais, de acordo com a denúncia do Ministério Público.
Segundo as investigações, o crime teria sido motivado por um desentendimento entre a vítima e os acusados, o que levou o MP a denunciar o grupo por homicídio triplamente qualificado — por motivo torpe, crueldade e impossibilidade de defesa da vítima.
Durante o julgamento, realizado entre os dias 30 de julho e 1º de agosto, a defesa dos acusados alegou ausência de provas materiais e fragilidade nos depoimentos que sustentavam a acusação. Ao final, o Conselho de Sentença decidiu pela absolvição de quatro dos cinco réus, por entender que a participação deles no crime não foi comprovada de forma irrefutável.
Inicialmente, todos os acusados, Rosiney Fernandes, Gracildo da Silva, Pedro da Silva, Carlinho e Gico, respondiam por outro homicídio violento, também registrado em novembro de 2017, na mesma região. A vítima, Anderson Mateus de Oliveira Pedroso, de 22 anos, foi esfaqueada múltiplas vezes, esgorjada e deixada à beira da estrada, próximo ao Microssistema de Abastecimento de Água da comunidade.
As semelhanças entre os dois casos, ocorridos no mesmo período e com características de execução, evidenciam o clima de tensão e medo vivido pela comunidade na época. No entanto, os julgamentos seguiram trâmites distintos, com decisões individuais para cada processo.