Bebidas adulteradas acendem alerta: consumidores devem redobrar atenção à procedência

O avanço de casos de intoxicação por metanol em São Paulo e a suspeita de bebidas alcoólicas adulteradas expõem um risco grave à saúde pública no Brasil. Autoridades reforçam que o consumidor precisa estar atento à procedência dos produtos e ao local de compra, diante de dados que apontam que mais de um terço das bebidas comercializadas no país podem ser falsificadas, fraudadas ou contrabandeadas.

Uma pesquisa divulgada pelo Núcleo de Pesquisa e Estatística da Fhoresp em abril deste ano revelou um dado preocupante: 36% das bebidas comercializadas no Brasil apresentam algum tipo de fraude, falsificação ou contrabando. Esse cenário se soma agora a uma crise de saúde pública em São Paulo, onde já foram confirmados seis casos de intoxicação por metanol, com três mortes, e outros dez permanecem em investigação.

Em Santarém, no oeste do Pará, alguns estabelecimentos divulgaram nota atestando os produtos vendidos ao público em seus estabelecimentos seguem um rigoroso padrão de qualidade e segurança e com procedência confiável.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, determinou nesta terça-feira (30) que qualquer suspeita de intoxicação por metanol seja notificada imediatamente ao Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS). Segundo ele, a medida visa acelerar a identificação de surtos em diferentes estados e orientar respostas rápidas.

“Estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol no país”, afirmou Padilha. A gravidade do cenário levou a Polícia Federal a abrir investigação, sob suspeita de envolvimento de organizações criminosas que estariam usando metanol para adulterar bebidas alcoólicas.

Na capital paulista, bares suspeitos de vender bebidas contaminadas já foram interditados. Outros estados, como Pernambuco, também investigam casos recentes de intoxicação com suspeita de ligação ao consumo de bebidas adulteradas.

Por que o consumidor deve ficar atento

Entidades do setor, como a Abrasel e a Abrabe, orientam a população a adotar cuidados básicos na hora de comprar ou consumir bebidas alcoólicas:

Priorizar compras em estabelecimentos de confiança;

Desconfiar de preços muito abaixo do mercado;

Observar a aparência do líquido: partículas ou sujeiras podem indicar adulteração;

Conferir o lacre e o rótulo — se estiverem violados, borrados ou mal colados, há risco de falsificação;

Procurar o registro do MAPA e o selo do IPI em destilados.

O metanol é altamente tóxico e pode ser fatal. Os sintomas incluem: dor abdominal, visão turva, náusea, confusão mental e, em casos graves, cegueira e morte. Eles geralmente aparecem entre 12h e 24h após o consumo. Diante desses sinais, a recomendação é procurar imediatamente um serviço de emergência e acionar um dos 32 Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) espalhados pelo Brasil.

Com a escalada dos casos e as suspeitas de adulteração ligada ao crime organizado, especialistas alertam: a escolha do local de compra e a checagem da procedência da bebida podem salvar vidas.

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