Polêmica com campanha da Havaianas derruba ações da Alpargatas no início da semana

As ações da Alpargatas (ALPA4), fabricante da Havaianas, registraram queda expressiva nesta segunda-feira (22), em um pregão de baixa liquidez por causa da semana encurtada pelo Natal, após a marca se tornar alvo de controvérsia política nas redes sociais. Por volta das 10h30, os papéis recuavam cerca de 2%, sendo negociados a R$ 11,47.

A reação do mercado veio após a repercussão negativa de um novo comercial de fim de ano da Havaianas, estrelado pela atriz Fernanda Torres. A campanha aposta em uma mensagem motivacional para a virada de 2025 para 2026, incentivando as pessoas a começarem o novo ano “com os dois pés”. Apesar do tom inspiracional, o conteúdo foi interpretado por setores da direita como um posicionamento político da marca.

Nas redes sociais, a peça publicitária desencadeou críticas e pedidos de boicote. Políticos e influenciadores conservadores passaram a atacar a empresa, ampliando o alcance da polêmica. O ex-deputado Eduardo Bolsonaro divulgou vídeos em que descarta um par de sandálias da marca, enquanto o deputado federal Nikolas Ferreira ironizou o slogan da campanha em publicações on-line. As manifestações foram rapidamente replicadas por apoiadores, que prometeram deixar de consumir os produtos da empresa.

A Havaianas passou a ser apontada por esse grupo como a mais nova “alvo” ideológico, recebendo críticas intensas e ameaças de boicote virtual. Apesar disso, o texto do comercial não faz referência direta a partidos, governos ou posições políticas, e a associação feita pelos críticos se baseia em interpretações subjetivas da mensagem.

No vídeo, Fernanda Torres afirma que não deseja que as pessoas iniciem o novo ano “com o pé direito”, explicando que sorte não depende apenas da vontade individual. Em seguida, a atriz propõe começar 2026 “com os dois pés”, incentivando atitudes de coragem, intensidade e entrega total, seja “na estrada, na porta ou onde quiser”.

O trecho inicial da fala foi o principal ponto de controvérsia. Para os críticos, a expressão foi entendida como uma alusão simbólica contrária à direita política, o que motivou manifestações públicas de deputados, vereadores e ex-integrantes do governo Jair Bolsonaro (PL), que anunciaram a intenção de migrar para outras marcas de sandálias.

Enquanto a polêmica segue nas redes sociais, o mercado reagiu com cautela, refletindo a pressão momentânea sobre os papéis da Alpargatas em um cenário de menor volume de negociações.

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