Foto: Polícia Federal
Por Guilherme Ferreira
Na terça-feira (19), a Polícia Federal, em ação conjunta com o Ministério Público Federal (MPF), deflagrou a Operação Boi Pirata para combater a pecuária ilegal na Terra Indígena (TI) Apyterewa.
Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão nos municípios de São Félix do Xingu, Tucumã, Redenção e Parauapebas. As buscas foram realizadas nas casas dos investigados e em duas fazendas utilizadas na prática dos crimes.
O MPF iniciou a investigação com base nos dados do Relatório Boi Pirata, que revelou uma grande quantidade de bovinos movimentados da TI Apyterewa para fornecedores diretos dos frigoríficos.
A movimentação indicou a prática de fraudes conhecidas como triangulação, lavagem ou esquentamento do gado. Segundo o MPF, os investigados conseguiam esconder a origem do gado através da inserção de dados falsos nos sistemas de controle das guias de origem e destino dos animais, as chamadas Guias de Trânsito Animal (GTAs). Por meio dessa prática, eles simulavam que a criação ocorria em conformidade com a legislação e com as regras de acordos entre o MPF e os frigoríficos.
Para a PF, a suspeita é de que foram registradas GTAs de saída da Apyterewa para fornecedores e intermediários, com finalidade declarada de engorda, e destes para os frigoríficos com a finalidade de abate. O objetivo dessa movimentação era ocultar a origem ilegal dos animais.
O MPF também realizou perícias agronômicas em dados de fazendas citadas pelos suspeitos como áreas de origem do gado, e concluiu que os índices de produtividade alegados eram incompatíveis com a capacidade dos imóveis rurais e com o nível real de investimentos feitos em tecnologia feitos em tecnologia, infraestrutura e insumos.
Além dos mandados de busca e a apreensão, a Justiça Federal também determinou, a pedido do MPF, a quebra do singilo bancário, fiscal telefônico e o bloqueio de bens dos quatro investigados na operação e de outros quatro suspeitos. A soma dos bens bloqueados dos oito envolvidos totalizam R$ 17 milhões.
O MPF apresentou dados preocupantes sobre a pecuária ilegal na TI Apyterewa. Segundo o órgão, entre os anos de 2012 e 2022, 47,2 mil bovinos criados ilegalmente na terra indígena em São Félix do Xingu foram comprados por 414 fazendas no Estado, em negociações que ultrapassaram o valor de R$ 130 milhões. Durante esse período, a TI Apyterewa foi uma das terras indígenas mais desmatadas do Brasil.
Com informações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal no Pará.