Opinião: Vácuo emocional

Por Enrico Pierro

Há dias em que não sou capaz de responder a perguntas simples. Se alguém me pergunta: “você está bem?”, eu hesito. Não porque quero esconder alguma coisa, mas porque simplesmente não sei. Não estou triste, nem feliz. Não estou nada. Apenas existo.

Há um vácuo dentro de mim. Não é vazio, porque o vazio carrega a promessa de algo que pode ser preenchido. O vácuo, não. Ele é o espaço entre sentir tudo e não sentir nada. Um limbo silencioso, onde as emoções parecem suspensas, flutuando sem forma definida. Sei que algo está ali, mas não consigo tocar. Sei que sinto algo, mas não consigo nomear. E talvez essa seja a parte mais cansativa: a indefinição.

É exaustivo carregar o peso invisível de algo que não se revela por inteiro. É como se o corpo seguisse em frente, cumprindo tarefas, conversando, existindo no piloto automático, enquanto a mente observa de longe, tentando entender se há algo errado ou se isso é apenas o que restou depois de tanto sentir.

Já tentei preencher esse vácuo com palavras, música, trabalho. Mas nem sempre funciona. Às vezes, tudo que posso fazer é aceitá-lo. Deixar-lhe existir sem pressa para que vá embora. Porque talvez ele não seja um sintoma. Talvez seja apenas um intervalo. Uma pausa entre uma fase e outra, entre um cansaço e um recomeço.

Então, se alguém me perguntar se estou bem, talvez eu continue respondendo “não sei”. E talvez, por agora, isso seja o suficiente.

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