Uma fila de caminhões superior a 25 quilômetros se formou neste sábado (12) entre os distritos de Campo Verde e Miritituba, no município de Itaituba, no sudoeste do Pará. O cenário é resultado direto da falta de infraestrutura da BR-163, uma das principais vias de escoamento de grãos do Brasil. Caminhoneiros enfrentam dificuldades diariamente para chegar aos portos do Arco Norte, especialmente durante o período chuvoso, que tem afetado severamente o trecho.
BR-163 é estratégica para o agronegócio brasileiro, ligando o Mato Grosso ao Pará e servindo de corredor logístico para milhões de toneladas de grãos, especialmente soja e milho, que abastecem os portos de Miritituba com destino à exportação. No entanto, a realidade enfrentada pelos motoristas é de estradas precárias, atoleiros, falta de sinalização, ausência de acostamento e risco constante de acidentes.
Um dos trechos mais problemáticos é a Transportuária, estrada que liga a BR-163 até os portos em Miritituba. São cerca de 10 km que se tornam praticamente intransitáveis em períodos de chuva, comuns mesmo durante o verão amazônico.
“Enquanto não asfaltar a Transportuária, essa situação não vai mudar. Caminhoneiro aqui não tem hora pra almoçar, não tem estrutura, não tem dignidade. E a Via Brasil, que arrecada milhões com pedágios, precisa dar uma resposta urgente ao povo que depende dessa rodovia”, disse o vereador Azeitona, que atua na região.
Apesar de ser verão, as chuvas têm sido recorrentes na região, principalmente entre o centro de Itaituba e Miritituba. Isso agrava a precariedade do solo e favorece acidentes. Caminhões atolam, escorregam ou travam o tráfego, aumentando ainda mais o congestionamento e gerando prejuízos.
“Nos últimos 20 dias, tem chovido quase todos os dias. A estrada molha e os caminhões não conseguem passar. Um escorrega, outro atola, e a fila cresce sem parar. A cada dia é um novo caos”, relatou um motorista que aguardava há mais de 12 horas na fila.
O trecho da BR-163 entre Campo Verde e Miritituba não é duplicado, o que contribui para os constantes congestionamentos e acidentes. Com o aumento exponencial da frota de caminhões nos últimos anos, a duplicação tornou-se uma demanda inadiável.
“Essa rodovia é um dos pilares do agro brasileiro. Não há mais como aceitar uma estrada simples em uma área com esse nível de tráfego. O governo precisa agir. A Via Brasil precisa assumir suas responsabilidades. Estamos cansados de esperar”, disse o vereador.
Os engarrafamentos frequentes não impactam apenas os motoristas, mas toda a cadeia logística do agronegócio. Os atrasos geram custos extras com combustível, manutenção, perda de prazos de entrega e sobrecarga física e mental aos caminhoneiros.
Empresas de transporte e cooperativas relatam que a instabilidade da BR-163 afeta a competitividade internacional do Brasil, já que exportações ficam comprometidas por gargalos logísticos.
O cenário atual é de abandono e descaso. A população, os motoristas e os representantes da sociedade civil exigem medidas imediatas: asfaltamento integral da Transportuária, duplicação da BR-163 e maior fiscalização sobre a atuação da concessionária Via Brasil.
“Não é mais uma questão de infraestrutura apenas. É uma questão de respeito à vida, à dignidade dos caminhoneiros e ao desenvolvimento da nossa região. Precisamos de soluções. E precisamos agora”, finalizou o parlamentar.