Ciência, suspense e investigação: séries que podem inspirar futuros biomédicos

O universo do suspense e das investigações criminais ganhou um novo enfoque nas telas. Os vilões são discretos, meticulosos e, muitas vezes, têm formação em áreas da saúde. A ascensão das séries sobre serial killers e investigações forenses abriu espaço para discussões sobre ciência aplicada ao combate ao crime.

O biomédico Waldemir Rego, docente do curso de Biomedicina da UNAMA Santarém, aponta cinco produções que ajudam a conectar a ficção à prática profissional. “Essas séries me motivaram a estudar investigação e perícia. Elas mostram áreas como toxicologia, genética, anatomia e farmacologia ganhando vida em investigações complexas. É a ciência como ferramenta de justiça”, afirma.

Breaking Bad — ciência com precisão laboratorial
Nesta série, criada por Vince Gilligan, o professor de química Walter White transforma seu conhecimento em um empreendimento ilegal: a produção de metanfetamina pura. Mais que um drama sobre drogas, Breaking Bad é um mergulho técnico em disciplinas como química orgânica, farmacologia clínica, biossegurança e toxicologia. Ela é especialmente voltada para quem pretende atuar em análises químicas ou controle de substâncias ilícitas.

“Walter aplica conceitos que estão diretamente ligados à prática biomédica: controle de reações químicas, purificação de compostos e análise laboratorial. Apesar da motivação equivocada, o rigor técnico é impressionante”, comenta Rego.

Dexter — padrões de sangue e precisão cirúrgica
Dexter Morgan, analista forense de padrões hemáticos no Departamento de Polícia de Miami, é também um serial killer com métodos quase laboratoriais. A série mistura psicopatologia com rigor técnico, abordando análise de respingos, lógica forense e interpretação de vestígios físicos. A trama conecta-se aos estudos de Hematologia, Psicologia Criminal, Genética Forense e Sorologia, disciplinas presentes nas grades dos cursos voltados à perícia e investigação científica.

“É um verdadeiro manual visual de hematologia forense”, explica o biomédico. “O personagem domina técnicas como estudo de ângulos de impacto, análise de sorologia e manipulação de lâminas e bisturis com precisão laboratorial”.

Mindhunter — o embrião da psicologia forense moderna
Ambientada nos anos 1970, a série mostra o surgimento da psicologia criminal como campo de estudo no FBI. Os protagonistas entrevistam assassinos reais, estudam traços genéticos e criam os primeiros perfis comportamentais sistematizados. Há relações com Genética Humana, Psiquiatria Forense, Bioética, Psicologia Aplicada e Entrevistas Baseadas em Evidência Científica.

“A série é fascinante porque aborda genética comportamental, psiquiatria forense e análise discursiva, áreas, cada vez mais, no escopo da biomedicina moderna”, aponta Rego. “A coleta de dados científicos para construir perfis é uma prática que exige metodologia rigorosa e ética investigativa”.

Bones — anatomia, química e reconstruções mortais
Com a Dra. Brennan à frente de investigações complexas envolvendo restos mortais, Bones é uma verdadeira enciclopédia televisiva para estudantes de áreas da saúde. Da identificação de fraturas a análises de larvas em cadáveres, a série ilustra a importância da multidisciplinaridade e debate temas como Anatomia Humana, Traumatologia, Química Orgânica, Entomologia Forense e Radiologia, presentes nas disciplinas práticas da graduação.

“O laboratório do Jeffersonian parece uma versão fantasiosa, mas empolgante, dos centros de perícia científica”, diz o professor. “Tem estudo de tecido ósseo, traumas cranianos, reconstrução facial em 3D e análise de patologias raras com base em DNA”.

CSI: Las Vegas — onde tudo se cruza
Clássica entre os fãs de true crime, CSI mostrou ao público como evidências biológicas podem resolver crimes. No laboratório de Las Vegas, biomédicos, químicos e técnicos atuam, em conjunto, na análise de fluidos corporais, traços genéticos e vestígios microbiológicos. Os episódios trazem temas de Microbiologia, Genética Forense, Sorologia, Anatomia Aplicada e Radiologia, essenciais para quem deseja integrar a perícia criminal à saúde pública.

“A equipe trabalha como em uma verdadeira força-tarefa científica. São análises toxicológicas, genéticas, hematológicas e até patologias raríssimas sendo identificadas em tempo recorde”, observa Waldemir. “É o tipo de série que deveria ser exibida no primeiro semestre da faculdade”.

Fonte: Ascom Unama

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