O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) anunciou a criação de uma força-tarefa para apurar uma série de irregularidades na Prefeitura e na Câmara Municipal de Ananindeua. A decisão, oficializada nesta semana, tem prazo inicial de 180 dias e poderá ser prorrogada.
De acordo com o MP, a medida foi necessária diante da gravidade dos escândalos, que podem ser os maiores casos de corrupção já vistos na Prefeitura de Ananindeua. O grupo reunirá promotores de Justiça de diferentes áreas para acelerar as apurações, que envolvem denúncias de fraude em licitações, pagamento de propinas, lavagem de dinheiro e contratos suspeitos.
A Força-Tarefa será comandada pelo procurador de Justiça Armando Brasil, auxiliado pelos promotores Hélio Pinho Pereira, Harrison da Cunha Bezerra e Arnaldo da Costa Azevedo.
Prefeito na mira
Nos últimos dois anos, a gestão do prefeito Dr. Daniel (PSB) já foi alvo de diversas operações do próprio MPPA e da Polícia Civil, entre elas a Operação Aqueronte, que revelou fraudes de cerca de R$115 milhões em contratos da Secretaria de Saneamento (Sesan).
A Operação Hades, realizada em agosto deste ano, foi um desdobramento da operação Aqueronte, apontou o prefeito como líder de um esquema de desvio de recursos públicos, o que chegou a resultar em seu afastamento temporário do cargo, revertido depois por decisão do STJ.
As investigações também levantaram suspeitas de patrimônio incompatível com os rendimentos do prefeito. Nas eleições de 2024, Dr. Daniel declarou possuir R$4,8 milhões em bens, mas durante a Operação Hades foram apreendidos R$131 milhões, incluindo um jatinho supostamente pago por empreiteiras, uma fazenda avaliada em R$16 milhões e 16 relógios de luxo avaliados em quase R$4 milhões.
Intimidação e obstrução
Outro ponto grave envolve relatos de empresários que colaboraram com a Justiça. Eles afirmam ter sido procurados por aliados do prefeito para “revisar” depoimentos já prestados em troca de pagamentos de débitos que a prefeitura teria com eles.
Próximos passos
A força-tarefa terá a missão de dar sequência aos inquéritos em andamento, além de aprofundar as investigações sobre contratos da prefeitura com empresas de fachada. Segundo o MPPA, o objetivo é dar eficiência às apurações e impedir que processos fiquem dispersos ou acabem esquecidos.
Escalada de pressão
A criação da força-tarefa representa mais um capítulo no cerco jurídico contra a gestão de Dr. Daniel (PSB). O prefeito acumula acusações que vão de desvio de dinheiro público até a suposta compra de luxos incompatíveis com sua renda, como Rolex, jatinho e fazendas.
Agora, a expectativa é saber se o movimento do MP será capaz de levar à justiça os responsáveis pelo maior escândalo de corrupção na história de Ananindeua.