Editorial: A PEC da Blindagem e a vergonha parlamentar

A aprovação da chamada PEC da Blindagem pela Câmara dos Deputados constitui um ataque direto à ética e à moralidade do Parlamento brasileiro. Um espaço que deveria servir à fiscalização e à defesa da lei se transformou em instrumento de proteção a parlamentares envolvidos em corrupção e a defensores de anistias para condenados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

No caso da bancada paraense, o cenário é ainda mais preocupante. Dos 17 deputados do Pará, 15 votaram a favor da proposta que, como o próprio nome indica, busca blindar políticos contra responsabilizações legais. Entre os que apoiaram a PEC estão Henderson Pinto e Airton Faleiro.

O único voto contrário foi de Júnior Ferrari, enquanto a deputada Elcione Barbalho se ausentou da sessão, optando pela omissão em um momento que exigia posicionamento.

Não existe justificativa ética capaz de dissociar o voto favorável à PEC do endosso à impunidade. A medida restaura o voto secreto no Parlamento, abrindo caminho para proteger políticos investigados ou condenados. Alegar neutralidade nesse contexto é inaceitável.

O que se viu na discussão da PEC foi um verdadeiro espetáculo de hipocrisia: parlamentares relativizando atos de violência, como o ocorrido em 8 de janeiro, e atacando o Supremo Tribunal Federal. As mesmas narrativas foram usadas para justificar anistias amplas e irrestritas, transformando a defesa de corruptos em discurso político aceitável.

O eleitorado paraense precisa refletir sobre essa votação em 2026. A Câmara aprovou uma proposta que fortalece a impunidade, afronta a transparência e rebaixa a própria instituição. Votos como os de Henderson Pinto e Airton Faleiro revelam não apenas alinhamento político, mas também um compromisso com interesses próprios em detrimento da ética e do país.

Não há espaço para neutralidade quando a lei é desrespeitada e a impunidade é celebrada. A PEC da Blindagem não se trata apenas de uma manobra técnica legislativa: é um escárnio com a sociedade brasileira e um alerta sobre os rumos do Parlamento.

Deputados paraenses que votaram a favor:
Airton Faleiro (PT), Andreia Siqueira (MDB), Antônio Doido (MDB), Delegado Caveira (PL), Delegado Éder Mauro (PL), Dilvanda Faro (PT), Dra. Alessandra Haber (MDB), Henderson Pinto (MDB), Joaquim Passarinho (PL), José Priante (MDB), Keniston Braga (MDB), Olival Marques (MDB), Pastor Claudio Mariano (União), Raimundo Santos (PSD) e Renilce Nicodemos (MDB).

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