Neste final de semana, jovens que participam do projeto Orquestra Maré do Amanhã – Núcleo Porto Trombetas, tiveram a oportunidade de realizarem um concerto nas comunidades Boa Vista, Moura e distrito e Porto Trombetas, em Oriximiná (PA) sempre seguindo as recomendações de prevenção à COVID-19. As apresentações contaram com a participação dos integrantes titulares da orquestra, vindos diretamente do Rio do Janeiro. Após os primeiros meses de atividades, as apresentações foram consideradas uma mostra do potencial transformador junto às crianças e adolescentes que residem no Oeste do Pará.
A jovem Joyciane de Souza, de 16 anos, destacou que participar do projeto abre uma oportunidade não apenas de seguir carreira musical, mas principalmente de inspirar todos ao redor. “Logo no início eu pensei em desistir porque não estava indo muito bem, mas recebi incentivo para continuar. E hoje eu acho muito bom porque quando vamos na comunidade inspiramos outras pessoas a entrar. E quando a gente toca, tem um sentimento que é maravilhoso. Eu quero continuar e quem sabe no futuro se torne minha profissão”, relatou.
O Orquestra Maré do Amanhã – Núcleo Porto Trombetas é uma extensão do projeto de mesmo nome com sede no Rio de Janeiro. A realização da iniciativa no Oeste do Pará é parte das ações sociais da Mineração Rio do Norte, maior produtora de bauxita do Brasil, em parceria com o colégio Equipe de Porto Trombetas, onde ocorrem as aulas gratuitas de viola e violino para crianças e adolescentes da região.
Formar talentos para fazerem história
Tudo começou em 2019, nas comemorações de 40 anos da MRN, quando a orquestra realizou uma apresentação em Porto Trombetas e foi convidada a montar um núcleo no distrito. Devido à pandemia da Covid-19, as aulas só começaram em junho deste ano, mas em poucos meses já foi possivel identificar os potenciais que existem dentro dos participantes.
“Tivemos algumas dificuldades devido à pandemia. Hoje temos 38 crianças e adolescentes participando. As crianças nunca tinham tido contato com estes instrumentos. E hoje temos cinco músicas no repertório. O que é um recorde para um prazo de apenas cinco meses. Eles são bastante dedicados e esforçados”, afirma Rodrigo Martins de Araújo, coordenador do núcleo Porto Trombetas da Orquestra Maré do Amanhã.
Um dos integrantes é o Clemerson Xavier de Oliveira, de 14 anos e residente da comunidade Boa Vista. “Eu não tinha muito interesse por música. Então surgiu o projeto e na verdade, eu continuava um pouco desinteressado. Mas agora aprendi muitas músicas que, no início, eram muito difíceis e, hoje, estão mais fáceis. Penso em continuar aprendendo mais e mais”, diz o jovem violinista.
Quem também pretende levar todo esse conhecimento musical para a vida, é a Camila Siqueira, de 16 anos. Ela que também mora na comunidade Boa Vista, diz que a experiência tem sido incrível. “Nesse pouco já sabemos muita coisa. A gente aprendeu coisas que, por mais que seja o básico, para nós é muita coisa. Por mais que isso não seja a minha profissão, eu quero saber lá na frente para ensinar outras pessoas”, comentou a estudante. E quando perguntada o que a música clássica significa, ela resume emocionada em uma palavra: “É vida!”.
Para reforçar ainda mais a troca cultural e musical das apresentações deste final de semana, integrantes titulares da Orquestra Maré do Amanhã vieram diretamente do Rio de Janeiro. “Foi super emocionante ver as crianças já tocando e desenvolvidas com o pouco tempo de trabalho. Foi maravilhoso. O que queremos fazer aqui em Porto Trombetas é história, fazer com que comece a nascer frutos da orquestra por todo Brasil. De dar a oportunidade através da música. A música não muda somente profissionalmente, mas ajuda no aprendizado cognitivo, matemática e a ter disciplina e foco”, disse Carlos Eduardo Prazeres, fundador e diretor do projeto.
De acordo com o gerente do Departamento de Relações Comunitárias da MRN, Jeferson Santos, o sentimento e a importância da iniciativa é de muita satisfação. “Hoje conseguimos ver o fruto daquilo que começou há 2 anos. Jovens da comunidade que em menos de cinco meses já estão fazendo suas primeiras apresentações e já ensinando outros. É o resultado da música que é um meio de transformação”, avalia.
Fonte: MRN/Fotos: Juraci Vale.