Aos 28 anos de idade, Áurea Sena, formada em Ciências Contábeis, está finalizando a segunda graduação em Ciências Biológicas. Hoje ela atua como assistente de contabilidade da MRN, maior produtora de bauxita do Brasil localizada no Oeste do Pará. Um caminho profissional trilhado por muitos outros profissionais, mas cada um com sua própria história, realidades e desafios.
Foi ainda durante a infância, quando navegava pelos rios da região em uma pequena embarcação característica da região movida pela força dos braços de seus pais, que Áurea enxergou que poderia fazer mais pelo mundo. Naquela época, quando era apenas uma passageira que apreciava a vista oferecida pelo rio Trombetas, a futura bióloga, que é natural do quilombo Boa Vista, em Oriximiná, decidiu que romperia barreiras ainda existentes na sociedade para pessoas pretas, indígenas e ribeirinhas.
“Houve uma época que pensar em trabalhar em uma grande empresa como a MRN era um sonho distante. Mas eu quis honrar todo o esforço de meus pais que se dedicaram a me criar”, relatou a contadora. “Eu sou uma jovem preta, nascida em terra quilombola, e vejo que o mundo está mudando. Mas é um trabalho de formiguinha, é preciso reverter muita coisa ainda”, analisa Áurea.
Na comparação com as formigas, o trabalho em conjunto é fundamental. Criar conexões com as pessoas é um grande desafio e, por isso, não pode ser feito de forma isolada. Neste sentido, Áurea também é parte do time que compõe o Programa de Diversidade de Inclusão da MRN.
“A empresa possui uma atuação muito próxima das comunidades e povos tradicionais. Então, com certeza, ela entende a importância de não apenas se posicionar, mas de promover ações que ajudem a transformar nosso mundo. Por isso, aceitei o convite, onde posso levar minha experiência de vida, de dizer, como uma quilombola, como é nossa realidade e fazer com que mais pessoas possam ter oportunidades como a que eu tive”, comenta Áurea.
Bora conversar sobre raça e etnia?!
Para falar sobre raça e etnia, a MRN promoverá, no próximo dia 23 de novembro, a segunda edição do bate-papo “Bora Conversar?!”, em alusão ao Dia da Consciência Negra, que será realizado virtualmente pela plataforma da empresa. O tema é um dos pilares do programa de Diversidade & Inclusão, que a companhia tem investido como forma de valorizar a pluralidade de talentos, ideias, pensamentos e experiências de vida.
Áurea participará deste evento juntamente com o professor e antropólogo, Marcelino Conti, diretor do campus avançado da Universidade Federal Fluminense em Oriximiná, com a Dra. Lilian Braga, promotora de justiça do Ministério Público do Estado do Pará, e com o jornalista Wanderson Awlis, que será o moderador da roda de conversa.
“Também haverá destaque para a releitura do Guia de Guia de Prevenção ao Assédio Moral e Sexual, ao Bullying, à Discriminação de Gênero e ao Preconceito Étnico-Racial, que pauta as boas condutas dentro e fora da MRN”, acrescenta a gerente de Desenvolvimento de Pessoas da MRN, Luciane Mello.
De acordo com a gestora, o viés educativo é um dos pilares do programa de D&I. “Dentro do MRN para Todos, iniciativa que surgiu para mostrar que competência não tem gênero, origem étnica, convicções religiosas, orientação sexual, habilidade ou formações diferenciadas, a empresa busca a evolução de ambientes mais inclusivos e integrados com respeito, harmonia e equidade”, finaliza.
Para a jovem Áurea, o momento é mais uma oportunidade de apresentar não apenas as iniciativas da empresa, mas de proporcionar uma chance de reflexão. “Os empregados terão uma visão melhor do que estamos fazendo, não só o projeto em si, mas de todo este trabalho de reconstrução social”, afirma.