O sinal 5G já foi liberado em Belém (PA) e a tecnologia promete mais velocidade de navegação ao usuário comum. Mas é no setor produtivo do Pará que a nova tecnologia de internet móvel pode promover uma revolução. Com maior tráfego de dados, menor tempo de resposta entre envio e recebimento de comandos e a possibilidade de várias conexões em uma mesma rede, o setor produtivo pode se automatizar, inserir novos maquinários e tecnologias, além de otimizar os processos.
Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Produto Interno Bruto industrial do Pará em 2019 foi superior a R$ 55 bilhões, o que equivale a mais de 34% de todo o PIB do estado. O setor, que em 2020 chegou ao número de 6.131 empresas, também gera mais de 179 mil empregos, com destaque para extração de minerais, construção, alimentos e serviços industriais de utilidade pública – que devem ter forte evolução graças ao processo de universalização do saneamento básico.
Com o 5G, a tendência é que vários procedimentos automatizados levem a uma maior economia e organização. E isso só é possível porque estima-se que a nova internet suporte aproximadamente a conexão simultânea de um milhão de dispositivos por quilômetro quadrado. Assim, leva à evolução da Internet das Coisas (IoT), em que máquina “conversa” com máquina para produzir uma análise mais rápida de dados.
Considerado o pilar da indústria 4.0, o 5G permitirá também que a Inteligência Artificial faça ajustes de forma contínua, para que a produção se mantenha sempre de acordo com a demanda. Ou ainda que possa monitorar 24 horas por dia e otimizar desempenho e segurança. Homero Salum, diretor de Engenharia da TIM Brasil, diz que a internet de quinta geração vai alterar não só o dia a dia, como também vai revolucionar diversos setores no estado.
“Com conexões melhores e mais rápidas, o 5G é capaz de conectar máquinas, objetos, coisas e pessoas. Por isso, é chamada a tecnologia do futuro. Essas características vão impactar o Brasil em inúmeros segmentos da indústria, do setor de serviços, do agronegócio e até mesmo as rotinas das pessoas dentro das casas”, aponta Salum. “Na indústria, que vai gerar máquinas e equipamentos para toda essa conectividade, o impacto será revolucionário.”
Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), revela que o 5G vai afetar tanto as micro e pequenas empresas quanto as de maior porte. Para a grande indústria, a maior novidade será a possibilidade de criar redes privadas com a tecnologia, o que vai otimizar ainda mais os processos e ganhos. Ele ressalta, no entanto, que todo e qualquer produtor que tenha acesso vai começar a se beneficiar a partir de agora.
“O empresário que está incrustado dentro da cidade e que faz também o processo fabril, ou o pequeno agricultor que está na borda e pode se cobrir com esse 5G, ou um microempreendedor pode, sim, ter seus processos produtivos melhorados. Você vai ter uma indústria que vai trabalhar com 5G, esse já vai poder operar um equipamento à distância, seja um drone, um semeador, seja uma máquina agrícola, se ele já tiver acesso ao 5G. Aquelas indústrias que se prevalecem de meios mecânicos, automatizados para fazerem seu processo produtivo, se aproveitam do 5G na medida em que estão presentes”, destaca Stutz.
No Pará, as micro e pequenas empresas são responsáveis por 91,7% do total de indústrias. Somente em 2021, segundo a CNI, a indústria local exportou US$ 3,2 bilhões – o setor é responsável por cerca de 11% de tudo o que é exportado pelo estado.
O 5G que está sendo instalado nas capitais está principalmente na área central. No caso de Belém, segundo as regras do edital, as empresas Claro, Tim e Vivo devem ativar, pelo menos, 57 estações de 5G, mas as operadoras estão disponibilizando uma quantidade de estruturas maior do que a mínima exigida. A capital do Pará tem hoje, pelo menos, 23 bairros atendidos com a nova tecnologia, entre eles Batista Campos, Campina, Canudos, Cidade Velha, Condor, Coqueiro, Cremação, Fátima, Guamá, Jurunas, Marambaia, Marco e Parque Verde, cobrindo aproximadamente 35% da população local.
Além de Belém, outras 4 capitais receberam o 5G no dia 6 de outubro: Macapá (AP), Porto Velho (RO), Manaus (AM) e Rio Branco (AC). Com a liberação dos cinco municípios, se completa o ciclo de início da operação da nova tecnologia em todas as capitais do país.
O cronograma inicial de ativação do 5G no Brasil previa que o sinal inicial estivesse disponível em todas as capitais brasileiras, com uma antena para cada 100 mil habitantes, até o dia 28 de novembro. A nova etapa prevista no edital deve levar a tecnologia de quinta geração às cidades com mais de 500 mil habitantes, o que vai beneficiar mais de 500 municípios.
Fonte: Brasil 61