O projeto integrado de pesquisa e extensão “Cuidadores do Ar”, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), realizou no último sábado, 5 de novembro, em Alter do Chão, o lançamento oficial da Rede Piloto de Inovação no Monitoramento da Qualidade do Ar na Região do Oeste do Pará, que visa a instalar em Santarém (PA) e arredores a primeira rede de monitoramento de qualidade do ar por meio da utilização de sensores de baixo custo.
De acordo com a coordenadora do projeto, Ana Carla Gomes, docente do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) da Ufopa, os resultados científicos estarão atrelados à viabilização de uma rede-piloto de agentes monitores da qualidade do ar, coleta de dados atmosféricos, construção de indicadores e análise dos impactos na qualidade de vida da população de forma mais efetiva. “A nossa intenção é, de fato, ter uma rede de monitoramento da qualidade do ar, com sensores de baixo custo, onde cada casa de cada cuidador possa ter um aparelhinho que estará coletando dados de variáveis meteorológicas e ambientais, o que, para a nossa região, é extremamente importante e inédito”, explica.
A iniciativa já conta com a participação de 25 alunos bolsistas da Escola de Ensino Técnico do Pará (EETEPA) e da Ufopa, que, com o apoio de suas famílias, farão a coleta de dados de material particulado, gases tóxicos, temperatura e umidade relativa do ar durante o período de 12 meses. Os equipamentos de coleta estão sendo instalados nas residências dos estudantes, situadas nas áreas urbana e periurbana de Santarém.
“Esperamos que os produtos científicos do projeto, como artigos, trabalhos de conclusão de curso, seminários e workshops, forneçam subsídios para auxiliar os tomadores de decisão na formulação de políticas públicas, bem como contribuir com a formação de famílias santarenas, aproximando-as ao tema ‘meio ambiente’, formando cidadãos cada vez mais conscientes do seu papel para com o planeta e com a região Amazônica, por meio de pesquisa científica”, afirma a Ana Carla Gomes.
Clima – Executado pela Ufopa, em parceria com a Escola de Ensino Técnico do Pará (EETEPA) de Santarém, o projeto “Cuidadores do Ar” e a Rede de Monitoramento contam ainda com a participação de docentes das duas instituições, além do apoio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e da Fundação de Integração da Amazônia (FIAM).
“Esse projeto mostra, com resultados reais, a importância do nosso Programa Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão, em que apostamos no investimento em grupos de pesquisa que possam desenvolver projetos integrados, que levem em consideração também o papel importante da educação básica”, afirma a reitora da Ufopa, Aldenize Ruela Xavier, presente no evento.
De acordo com a reitora, os projetos integrados envolvem os pesquisadores da Universidade, alunos de graduação, de pós-graduação e da educação básica, numa pirâmide de formação muito importante: “E esse projeto especificamente – Cuidadores do Ar – mostra o sucesso dessa estrutura administrativa criada. Fico muito feliz com um projeto como esse, com o resultado e o estágio em que está agora, e vejo que vem muito mais por aí”.
O gerente de Ciência e Tecnologia Charles Souza, representante da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet) do Pará no evento, avalia que esta ação é de suma importância para a região do Oeste do Pará e, por isso, colocou-se à disposição para contribuir com a ampliação do projeto. “A Sectet, junto com sua equipe técnica, está pronta para ajudar não apenas aos Cuidadores do Ar, como também outros projetos da Ufopa que venham a ser desenvolvidos nessa região”.
“Como santareno, tenho que me orgulhar da Universidade e da Escola Técnica que temos na nossa cidade, que contribuem para um projeto de sustentabilidade, como é o caso desta iniciativa de controle da qualidade do ar. Isso é muito importante, principalmente no momento em que estamos discutindo no mundo todo a questão do meio ambiente e do clima”, afirma o deputado estadual José Maria Tapajós, que participou do evento.
“Esse projeto está muito sintonizado com o movimento global sobre equilíbrio climático. É uma ação que vai dialogar, inclusive, com a COP-27, Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, porque esse é o grande debate no mundo hoje. Esse é um tema do qual o Brasil é muito olhado internacionalmente, e temos um projeto da Ufopa e da EETEPA que vai fazer o que ninguém está fazendo aqui, com inovações, equipamentos de baixo custo, com envolvimento de alunos e pais, ou seja, com o envolvimento da sociedade”, afirma o deputado federal Airton Faleiro, também presente no lançamento da Rede.
Expectativas – Como resultados sociais, a coordenadora do projeto avalia que a iniciativa deva impactar positivamente os jovens e suas famílias, visto que o seu envolvimento como bolsista permite o acompanhamento do ciclo formativo do aluno desde a educação básica, aumentando as chances de permanência desses estudantes na escola, combatendo a evasão escolar. “Além disso, o projeto conta com a realização de oficinas, seminários e atividades tanto para o aluno como para seus responsáveis, fortalecendo os laços de compromisso e envolvimento da família como esteio do processo educativo destes jovens”, explica Ana Carla Gomes.
“Minha expectativa é que o equipamento vai coletar uma baita diferença, porque no Residencial Salvação tem muita poeira, queimada, muito lixo. É um bairro planejado, mas que, independente de planejamento, é muito poluído”, afirma a estudante do curso técnico em Meio Ambiente da EETEPA, Laiza Amorim de Sousa, de 18 anos. “A gente vai fazer uma grande diferença, porque os dados coletados aqui também irão para outros tipos de redes que não existem em Santarém”.
“A experiência está sendo muito boa porque é algo inovador para a gente, e já adquirimos vários conhecimentos no decorrer do projeto. Foram poucos momentos, mas com vários conhecimentos adquiridos. E está sendo uma experiência surreal, porque é algo que realmente agrega ao nosso futuro”, afirma a bolsista Jeohana Castro de Sousa, de 17 anos, que mora no balneário de Alter do Chão.
“Vamos disponibilizar a nossa casa e cuidar do equipamento. Minha mãe está muito feliz de estar participando do projeto. Eu expliquei todo o processo para ela, que ficou muito feliz por mim, porque faz parte da Ufopa, que é bem vista pela gente. Ela sempre me diz que eu estou tendo as oportunidades que ela não teve, por isso devo abraçar todas elas”, afirma a estudante do curso de Meio Ambiente na EETEPA.
“A expectativa é grande. É um projeto bom, porque fala do meio ambiente, da nossa habitação e do planeta também. Estou ansiosa para saber como é esse aparelho que vai ser instalado”, afirma Francinara Pires Amorim, de 42 anos, moradora do bairro do Maracanã e mãe da estudante Raíssa Katrine, da EETEPA, que também participa do projeto: “A pesquisa é boa porque nós, pais, devemos estar inseridos nos estudos dos nossos filhos, acompanhando. E como ela está fazendo o curso técnico em meio ambiente, achei o projeto bom, pois veio complementar o que ela está cursando”.
Fonte: Ufopa