Neste mês de agosto, o Instituto Juruti Sustentável (IJUS) completa 15 anos de atuação na região amazônica, inspirado pela união de diversas organizações locais, o Instituto Juruti Sustentável (IJUS) traz à vida um ambiente concreto e viável para a sustentabilidade. Ao somar as qualidades únicas de cada parceiro, o IJUS se destaca como um espaço de reflexão, debate e engajamento em questões prioritárias locais. Em resumo, o IJUS é um espaço de reflexão, de debate e de engajamento em temas locais prioritários. Com um total de 119 associados que incluem representantes do poder público, da sociedade civil e de empresas locais.
Criado em 20 de agosto de 2008 como Conselho Juruti Sustentável (CONJUS) e coordenado, na época, por José Maria Vieira (já falecido), o IJUS é reconhecido como Organização de Utilidade Pública pelo Governo do Estado. Em 2015, ocorreu a fusão do CONJUS com o Fundo Juruti Sustentável (FUNJUS), estabelecendo assim o Instituto Juruti Sustentável (IJUS).
Neste dia 23, um jantar comemorativo marcou a celebração dos 15 anos do instituto. Durante o evento, a atual presidente da organização, Maria Raimunda Melo (Deise), destacou que ao longo dos últimos quinze anos, o IJUS tem se dedicado incansavelmente a aprimorar a qualidade de vida das pessoas.
Para ela, o IJUS é um exemplo vivo de como o diálogo é essencial para o progresso. “Desde o início, estabelecemos a sustentabilidade como um dos pilares fundamentais de nossa organização. Acreditamos que é através desse diálogo contínuo que podemos enfrentar os desafios atuais e futuros de forma efetiva. Expressamos nossa profunda gratidão a todos aqueles que já contribuíram para o sucesso do IJUS e estamos ansiosos para continuar nossa missão de criar um impacto positivo e duradouro na qualidade de vida das pessoas em nosso território”, comentou.
IJUS em números
Nesses 15 anos de atuação, o IJUS contabiliza cifras expressivas. São mais de R$ 1,5 milhão investido em projetos, via FUNJUS, R$ 12 milhões em recursos atraídos para o território, por meio de parcerias, mais de R$ 5,6 milhões em recursos captados, através de editais, e mais de 50 mil pessoas beneficiadas diretamente. Na prática, entre inúmeras ações que o IJUS mantém ou apoia, ele monitora indicadores socioeconômicos e ambientais de desenvolvimento local, através do Índice de Progresso Social (IPS Amazônia), mantem uma Escola de Sustentabilidade de Juruti (ESJ), fruto de parceria com o Instituto Alcoa para formação de lideranças locais e mantem o Banco Juruti Sustentável (BANJUS).
O Instituto desenvolveu um modelo dinâmico para a Escola de Sustentabilidade de Juruti, formando alunos de diferentes faixas etárias, provenientes das áreas rural e urbana do município. Além disso, a ESJ mobilizou 69 organizações locais e alcançou diretamente 289 pessoas, além de impactar indiretamente cerca de 700 indivíduos. Mais sobre a sua atuação é contada no livro “A Construção Coletiva de uma Escola de Sustentabilidade em Juruti, Pará”.
Impulso ao Empreendedorismo Local
Em um feito inédito para este ano, o Banco Juruti Sustentável (Banjus) foi lançado com o objetivo de democratizar o acesso ao microcrédito reembolsável. Em uma parceria com o FUNJUS e a Alcoa Foundation, o banco comunitário recebeu um investimento inicial de R$ 850 mil. Essa iniciativa visa impulsionar o desenvolvimento de empreendimentos sustentáveis tanto em Juruti quanto em suas comunidades, priorizando o crescimento local. O Banjus oferece crédito para empreendimentos que não têm acesso aos bancos tradicionais, beneficiando artesãos, produtores e pequenos negócios em ambientes urbanos e rurais.
O FUNJUS tem sido essencial na trajetória do IJUS por defender as bandeiras das mulheres, do jovem empreendedor rural, da juventude, de resíduo ambiental e da conservação e uso sustentável da biodiversidade, que resultaram em 137 projetos investidos diretamente, sendo 79% deles em comunidades rurais e 21% na área urbana.
Impulso Notável nos Últimos 5 Anos
Os resultados dos projetos tiveram um impacto positivo nos habitantes de Juruti e suas comunidades, e esse efeito também se refletiu nos parceiros. Nos últimos cinco anos, observamos a adesão de novos e importantes aliados, impulsionados pelo ambiente de inovação promovido pelo IJUS. Esse crescimento contínuo fortalece o impacto local, com foco na expansão do capital humano, na produção, no estímulo ao protagonismo jovem e feminino nos negócios, e na ocupação de espaços por toda a sociedade local.
Um exemplo recente é o Projeto Indicadores de Sustentabilidade e Gestão na Amazônia (Ingá), que adentrou sua segunda fase de execução. Ao longo de 18 meses, será investido mais de R$ 2,7 milhões para promover a formação de capital humano em Juruti, no Pará. Os objetivos incluem a gestão autônoma do território, a proteção e conservação das florestas nativas, a restauração de áreas degradadas, o apoio ao empreendedorismo e a criação de um Observatório de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável em conformidade com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Nesta fase, iniciativas de energia renovável estão sendo implementadas para melhorar as condições de vida das famílias. Isso inclui a distribuição de kits solares para 30 famílias, filtros de água para outras 60 famílias e telefones rurais para mais 30 famílias. Outro destaque é o programa Juruti UP, que busca fomentar o empreendedorismo sustentável entre os jovens locais. Oficinas de empreendedorismo sustentável envolverão mais de 450 jovens, com o objetivo de estimular ideias de negócios alinhados à floresta, biodiversidade e agricultura sustentável.
Parceiros notáveis deste projeto incluem a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a Alcoa Foundation, a Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), a Aliança Bioversity & CIAT, além de novos parceiros como a Citi Foundation e o Centro de Empreendedorismo da Amazônia (CEA).
Empoderamento feminino
O Programa de Formação Dona’s é um notável exemplo a ser destacado, trazendo empoderamento às mulheres da região. Esse programa resgata e fortalece o empoderamento feminino ao capacitar pequenas empreendedoras locais, oferecendo oportunidades de aprendizado. Até o mês de dezembro deste ano, o programa consiste em encontros semanais, abordando temas como gestão administrativa e financeira, marketing, vendas, desenvolvimento pessoal, formalização e igualdade de gênero. Adicionalmente, as participantes recebem orientação e acompanhamento remoto para melhor conduzir seus negócios, buscando novas demandas e refinando processos. Uma parceria com o Consulado da Mulher e o Instituto Alcoa.
Ações Humanitárias
A pandemia de COVID-19 trouxe uma oportunidade de reforçar a solidariedade entre organizações locais. Ao longo de mais de três anos de combate à pandemia, os Projetos Juruti Contra COVID-19 e Saúde na Floresta promoveram ações humanitárias fundamentais, incluindo o combate à pandemia, a comunicação de risco e o engajamento comunitário. Como resultado desses esforços, nesta última etapa, 619 pessoas foram imunizadas, 406 receberam a vacina contra a COVID-19, e foram doadas unidades de álcool em gel, carrinhos de limpeza funcionais, 8 toneladas de álcool em gel, e realizadas 11 campanhas, entre outras ações significativas.
Lideranças ao Longo dos Anos – presidências
Diversas lideranças desempenharam papéis cruciais na trajetória do IJUS ao longo dos anos. Conversamos com cada um deles, buscando ouvi-los e compartilhar alguns aprendizados desta trajetória.
Antônio João Teixeira Campos Silva, fez parte da Secretaria Geral do CONJUS entre 2008 a 2010 na função de coordenador, representando o poder público. Ele lembra que a entidade nasceu da necessidade de diálogo entre a prefeitura, comunidades e empresas que atuavam em Juruti na fase de licenciamento ambiental da mina de extração de bauxita da Alcoa. “Hoje, vemos uma evolução muito grande do que era o CONJUS e o que é o IJUS. Foram muitas conversas, e a cada vez que a gente aprofundava mais dúvidas surgiam, mas que aos poucos foram sendo dirimidas. Foi um caminho bastante democrático e participativo. Hoje temos os caminhos e as instituições tem o IJUS como referência e obtém respostas e isso é fundamental”, endossa.
Entre 2011 a 2013, Francisco Oliveira, da sociedade civil, assumiu a Coordenação Executiva do CONJUS. Ele lembra que o Conselho começou com a grande participação maciça das comunidades, das entidades e da prefeitura. Para ele, são as comunidades que conhecem com maior profundidade a realidade local. “Através do CONJUS, a gente sabia das necessidades das pessoas, do município e a gente aprendia através da busca de conhecimento. Quando saí do Conselho senti muita falta, mas valeu muito estar nele”, considera.
Entre os anos de 2013 e 2015, Assunção Mascarenhas, representante da sociedade civil, esteve na presidência do CONJUS/IJUS e diz que o legado da organização tem sido de avanços. “Mas, acredito que o IJUS ainda tenha uma tarefa extraordinária daqui para frente. Demos, realmente, uma mexida na sociedade dada a necessidade de se ter o Conselho (CONJUS) para defender o interesse da comunidade e do município como o todo, sempre pensando na política de desenvolvimento sustentável de Juruti”, avalia.
Gustavo Hamoy foi presidente do IJUS entre 2015 e 2017, como representa de empresas, e lembra com alegria dos desafios e conquistas. “É uma alegria poder contribuir com o município de Juruti e entorno. Um dos marcos importantes na minha gestão foi o lançamento do primeiro edital para projetos. É gratificante quando a gente lembra a linha do tempo e vê os marcos históricos do IJUS e como ele contribuiu para o desenvolvimento local”, lembra.
Como representante da sociedade civil, Idaliana Albuquerque foi presidente do IJUS entre os anos de 2017 a 2019. Para ela, a força do Instituto sempre foi a capacidade de diálogo com a sociedade civil e o poder público. “Nossa relação sempre foi amigável, pois nosso foco sempre foi o melhor para nossa população. Fui a primeira mulher presidente do IJUS e tenho muita esperança que nós vamos muito longe, pois falar de sustentabilidade e do IJUS é falar de conquistas e isso me deixa feliz em fazer parte dessa história”, reflete.
Fonte: Instituto Juruti Sustentável