Covid-19: metade das brasileiras continua sem ir ao médico para rotina de detecção de câncer de mama

Você deixou de frequentar o ginecologista ou mastologista por causa da Covid-19? A resposta sim veio de 47% das mulheres entrevistadas pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) para a pesquisa Câncer de mama: tabu, falta de clareza sobre a doença, diagnóstico precoce e autocuidado, a pedido da Pfizer. Apesar de o índice ainda estar alto, a segunda edição do levantamento na pandemia, teve uma redução quanto ao questionamento feito em 2020, quando alcançou 62%.

“Esse cenário ainda é preocupante. Sabemos que a identificação precoce da doença é, muitas vezes, fundamental para o controle mais efetivo do câncer de mama”, pontua Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer Brasil. Por outro lado, o percentual de 27% das que disseram que seguiam a mesma frequência de consulta ao especialista no ano passado saltou para 42%, o que demonstra que o esclarecimento sobre medidas de proteção e o início da vacinação contribuíram para a retomada do acompanhamento.

Realizada entre os dias 7 e 23 de setembro de 2021, com 1.400 mulheres, a partir de 20 anos, de São Paulo (capital) e das regiões metropolitanas de Belém, Brasília, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro, o levantamento online também apontou que as entrevistadas reconhecem maior acesso à informação de qualidade sobre a doença, importantes para a prevenção e para buscar tratamento.

Diagnóstico: exames e idade

Já sobre necessidades para o diagnóstico precoce, 59% mencionaram exames como mamografia ou ultrassonografia regularmente após os 40 anos e acompanhamento ginecológico; e 55% desde o início da vida adulta, se houver casos da doença na família, o que demonstrou que mais da metade das mulheres sabem que a hereditariedade é um fator que precisa de atenção. Segundo a pesquisa, a maioria tem a informação sobre a idade quando deve ser realizada anualmente a mamografia: 60% responderam a partir dos 40 anos, contra 26%, a partir dos 35 e 8% para quem tem mais de 50 anos.

Mas o tema identificação da doença também apontou que ainda há falta de clareza e certa confusão quanto se fala em autoexame. Quando perguntadas especificamente sobre cuidados necessários para um diagnóstico precoce, 42% responderam que é preciso ficar atentas somente a nódulos (caroços) nos seios e, por isso, o autoexame é importante. Já, quando o questionamento foi se sabiam que o autoexame costuma identificar apenas tumores com mais de 2 cm, o que significa que o câncer pode estar em um nível avançado, prejudicando o tratamento e até a cura, 78% também responderam que sim, e por isso, fazem acompanhamento ginecológico, sendo que 40% dessas fazem todos os exames solicitados e retornam ao médico, 30% fazem todos os exames solicitados regularmente e 8% fazem todos os exames solicitados, mas se acharem que não há nada de errado não retornam ao médico(a), ao passo que 21% das entrevistadas responderam não saber do risco de o autoexame apontar um tumor em estágio avançado.

“Sabemos que houve, no passado, uma forte campanha sobre o autoexame. Não estamos descartando seu papel, mas é preciso que as pessoas tenham clareza que ele não detecta tumores menores, daí a importância do acompanhamento médico e de exames complementares para que não haja comprometimento do tratamento se a condição for diagnosticada”, destaca a Dra. Alessandra Menezes Morelle, oncologista do Hospital Moinhos de Vento. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil, conforme as Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama, a mamografia é o único exame cuja aplicação em programas de rastreamento apresenta eficácia comprovada na redução da mortalidade por câncer de mama.

Confiança no sistema de saúde mesmo nas formas graves

Outro dado significativo é que a maior parte também reconhece os diferentes tipos de câncer de mama, sendo alguns mais agressivos do que outros: 40% afirmaram saber da informação, mas não exatamente das diferenças e 43% disseram que podem existir formas mais agressivas, e por isso o acompanhamento com o médico ginecologista é importante. Além disso, quando indagadas sobre a doença metastática, 54% responderam acreditar que é possível tratar e controlar a condição, percentual que se manteve elevado em todas as faixas etárias das entrevistadas, de 20 até mais de 60 anos.

E um dado importante revelou como elas enxergam o sistema de saúde. Se, de um lado, 14% afirmaram que somente há possibilidade de cura se houver acesso à saúde privada (convênio médico), 16% responderam que isso seria por meio do Sistema Público de Saúde (SUS). A pesquisa mostrou ainda que as mulheres das regiões de Belém e de Recife são as que mais acreditam no SUS para o tratamento com 19% e 20%, respectivamente, contra 14% no Rio de Janeiro e 16% em São Paulo e no Distrito Federal. “Ainda temos muito o que avançar, mas não podemos ignorar que já conseguimos dar passos consideráveis quando olhamos para o passado”, diz Luciana Holtz, fundadora e presidente do Oncoguia.

Aspectos emocionais e autocuidado

O levantamento também trouxe aspectos emocionais relacionados ao câncer de mama. Medo (28%), sofrimento (18%) e tratamentos (34%) foram as preocupações iniciais relacionadas ao tema, relatadas por 80% das entrevistadas. Mas a confiança também existe, já que “acreditar na cura por meio de acesso a tratamento médico” foi apontado pela maioria das mulheres.

Dados inéditos da pesquisa revelaram ainda a valorização do autocuidado. Questionadas se acreditavam que alimentação balanceada e exercícios físicos ajudavam a prevenir o câncer de mama, 80% disseram que sim.

No Brasil, deverão ser mais de 65 mil novos casos de câncer de mama, a cada ano do triênio 2020-2022, de acordo com o Inca. Cerca de 30% das mulheres deverão ter metástase, mesmo sendo diagnosticadas precocemente.

Ascom/Pfizer

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