A destruição da Amazônia está em curso e acelerou nos últimos anos, mas no interior do Pará, na agrovila Itaqui, na zona rural de Castanhal, jovens se mobilizam em defesa das pautas socioambientais na comunidade onde vivem e em territórios vizinhos. No Coletivo Miri eles fazem a luta por meio da arte, cultura, tecnologia e do diálogo direto com os moradores.
“Nós, amazônidas, nascemos e crescemos nesses cursos d ‘água, não entregaremos eles tão fácil assim“
Pedro Alace, 21 anos, é estudante de agronomia do Instituto Federal do Pará, campus Castanhal. Nascido e criado na agrovila Itaqui, ele explica que a comunidade é rural tem uma boa infraestrutura urbana, com escola, posto de saúde, ginásio, duas praças, pavimentação. Mas dentro das comunidades eles enfrentam outros desafios.
Um dos principais problemas socioambientais enfrentados dentro da comunidade Itaqui é a degradação ambiental de dois cursos d’água próximos a agrovila: Rio Itaqui e Igarapé Miri. Desmatamento, assoreamento, descarte de lixo e construções irregulares. Diante desses problemas, o coletivo Miri atua com projetos de coleta seletiva e para barrar o desmatamento, educação ambiental dos jovens e cobram do poder público sobre medidas efetivas para enfrentamento desses problemas. Pedro fala sobre a importância desses rios e igarapés para as famílias que vivem ali.
“A comunidade pescava nesse rio e igarapé e se alimentavam desses peixes, hoje a gente não encontra uma boa quantidade de peixes mais por conta do processo de degradação ambiental. Acima de tudo esses igarapés são os nossos bens naturais e fazem parte da nossa memória biocultural. Nós, como amazônidas, que pertencemos a esses territórios, nascemos, crescemos e vivemos a vida inteira nesses cursos d ‘água e não vamos entregar eles tão fácil assim”.
Em abril, o estado do Pará registrou um aumento de 34% no desmatamento em relação ao ano passado. A família de Pedro é agricultora e planta alimentos na agrovila. Então, para ele, a mobilização dos jovens também tem o objetivo de resgatar e preservar a cultura camponesa.
“Minha família é camponesa, planta alimentos e faz o resgate dessas práticas do campo que muitas vezes vai se perdendo, as mobilizações também foram nessa direção e se tornaram um resgate, uma aproximação maior com o campo”.
Thalya Souza,17 anos, faz parte do Coletivo e fala sobre a importância da preservação para permanência na agrovila.
“Desde do meu avó, eles sempre trabalharam na roça, e nós também vivemos das plantações”.
A região amazônica foi eleita como a primeira a receber esse programa de aceleração do laboratório de clima da agência Purpose que tem viabilizado as mobilizações do Coletivo Miri por exercer um papel central em relação aos desafios que teremos diante da emergência climática e seus desdobramentos econômicos e sociais.
“Apesar da importância da Amazônia para o planeta, muitos dos debates e estratégias em busca de soluções para o bioma não incluem vozes locais e, portanto, não condizem com as realidades e os desafios que a região e seus cidadãos enfrentam”, explica Ana Clara Toledo, da agência Purpose, que apoiou as ações do Coletivo Miri por meio de um programa de aceleração de coletivos e organizações sem fins lucrativos do Pará.
Fonte: Brasil de Fato