A segunda base permanente da Operação Curupira, instalada no município de Uruará, demonstra a presença do Estado no enfrentamento às atividades ambientais ilícitas, enquanto que, por outro lado, fomenta a transição econômica no Estado tendo como norte as soluções baseadas na natureza, que pode ser chamada também de bioeconomia. Nesse processo de transição, a operação Curupira ocorre com ostensividade em locais identificados como maiores centros de alertas de desmatamento. A operação Curupira, no município de Uruará, teve início em 25 de fevereiro, reunindo profissionais de meio ambiente, segurança pública, defesa agropecuária e da Fazenda.
Logo no início da operação e após meses de investigações realizadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), por meio das equipes da diretoria de fiscalização ambiental e da Assessoria de Inteligência Corporativa (AISC), com apoio de técnicos do Centro Integrado de Monitoramento Ambiental (Cimam), um dos principais alvos foi alcançado.
Em um local de difícil acesso, próximo do limite entre os municípios de Uruará e Prainha, onde a principal via de chegada ao imóvel se dá pelo ramal chamado Rancho da Cabocla, na PA-370, percebeu-se por meio de imagens de satélites a expansão do desmatamento desde o mês de setembro de 2022. A fim de inibir o avanço do crime ambiental foi dada a devida prioridade no caso, impedindo assim o crescimento do desmatamento no local e lugares próximos. “Verificamos não somente áreas desmatadas, mas também, e principalmente, indícios onde o desmatamento pode começar ou será ampliado, justamente para preservar. Onde já começou a aparecer uma clareira pequena, mas que já podemos imaginar qual será o retrato final”, afirmou o titular da AISC, Victor Corrêa.
Em campo, a equipe constatou se tratar de um desmatamento ativo, com presença de maquinários, como trator de esteira e trator agrícola, dentro da área do ilícito, no imóvel nomeado como ‘Fazenda Encontro’, que tem como proprietário o nacional Lucas Fernando José Wessling. Ao consultar o Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), outras propriedades pertencentes à família foram identificadas com desmatamento ativo. Na ocasião, dois membros da mesma família foram presos por crime ambiental, porte ilegal de armas e falsidade ideológica.
O trabalho dos agentes possibilitou que o desmatamento não avançasse, a autuação e apreensão de duas motosserras, autuação e apreensão de 5.000 litros de diesel, 1 desensiladeira, um trator e 20 rolos de arame ovalado, além da inutilização de 1 trator de esteira, uma vez que o maquinário está escondido dentro da mata, em local de difícil acesso, e um valor total de multas aplicadas pelos crimes ambientais e bens apreendidos correspondente a R$ 1.937.900,00. Ainda houve a autuação por desmatamento e embargo de 213 hectares.
O novo modelo de combate ao desmatamento e a outros crimes no Pará ganhou uma nova roupagem com a instalação de bases fixas, o que impede que após a saída das equipes das áreas, o crime volte a ocorrer. Desta forma a atuação deixou de ser apenas repressiva e começou a ser preventiva. “Mudamos a forma de atuação, passamos da ação repressiva para a preventiva, e isso será contabilizado na diminuição dos hectares que deixaremos de desmatar, e não os que são embargados”, afirmou o coordenador de operações da Semas, Tobias Brancher acrescentando ainda que “a área de atuação da operação como um todo será beneficiada e não somente o município onde a base está instalada, pois a presença da base surte efeito cascata, atingindo os municípios próximos e não apenas nas áreas efetivamente fiscalizadas”, concluiu.
Integração – O Sistema Estadual de Segurança Pública (SIEDS) por meio Secretaria Adjunta de Inteligência e Análise Criminal (Siac) e sistema de inteligência dos órgãos integrados, também estão realizando diariamente levantamentos de áreas afetadas por práticas criminosas nos municípios alcançados pela Operação Curupira, afim de, subsidiar a atuação dos agentes nas ações operacionais.
Segundo o Secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Pará, Ualame Machado, um dos eixos da Segurança Pública é o trabalho minucioso da inteligência, o que tem contribuído fortemente nas ações integradas da Operação Curupira. “Todo o investimento na inteligência tem nos possibilitado realizar levantamentos sucintos para que as ações em campo sejam cada vez mais eficazes, inclusive, na execução de todo o trabalho que está sendo feito e nos resultados obtidos”, afirmou.
Tecnologia a favor da natureza – Desde 2020, a Semas passou a ter acesso também ao Sistema Deter Intenso, com a plataforma Forest Monitor, versão resultante da integração de imagens de satélites de multisensores para a detecção das alterações da cobertura florestal em áreas críticas da Amazônia Legal, o que permitiu reduzir a influência da cobertura de nuvens no processo de interpretação, bem como, aumentar a taxa de revisita de uma mesma área. Os dados gerados são destinados exclusivamente aos órgãos de fiscalização. O Pará foi pioneiro a utilizar o mecanismo. Os técnicos do Centro foram treinados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para fazer o mapeamento do desmatamento em áreas críticas no estado do Pará dentro da plataforma. Esse trabalho é complementado com o uso de imagens de alta resolução e a sala de situação da plataforma terrabrasilis.
Fonte: Agência Pará