No último sábado, lideranças do Movimento de Preservação da Escola da Floresta, em Alter do Chão, em Santarém, no oeste do Pará, entregaram ao governador Helder Barbalho um requerimento e uma denúncia sobre o terreno onde funcionava a Escola da Floresta. O espaço, localizado na Área de Proteção Ambiental (APA) Alter do Chão, está ameaçado pela especulação imobiliária, o que mobilizou a comunidade Borari e apoiadores na busca pela preservação do local.
Desde 2008, a Escola da Floresta tem sido referência em educação ambiental e formação ecológica para crianças indígenas e santarenas. Situada na comunidade Caranazal, às margens do Lago Verde, o espaço foi originalmente cedido pelo Conselho Nacional dos Seringueiros e integrou o esforço comunitário para a valorização da cultura Borari e da sustentabilidade.
No entanto, o terreno foi negociado recentemente com um grupo empresarial responsável por empreendimentos de grande impacto em Alter do Chão, incluindo a construção de um prédio de nove andares. Esse movimento preocupa a comunidade local, que vê no espaço da escola um símbolo de resistência cultural e ambiental, além de um patrimônio coletivo.
Leila Borari, uma das lideranças do movimento, destacou a urgência da questão. “Estamos solicitando ao governador a desapropriação da área e a devolução desse território para uso coletivo. Queremos que a Escola da Floresta volte a ser um espaço de saberes e integração para a população, os indígenas e toda a região,” afirmou.
O requerimento também propõe que Alter do Chão seja transformada em uma unidade de conservação estadual, fortalecendo a proteção do território Borari frente à crescente especulação imobiliária.
Durante o encontro, o governador informou que o tema já está sendo discutido com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar há um ano. Segundo Barbalho, a área pertence ao governo federal, o que limita as ações imediatas do Estado.
“Formalizamos o pedido ao Incra e ao ministro Paulo Teixeira para que nos deem uma posição. Até o final deste mês, esperamos uma resposta definitiva sobre a situação da área,” afirmou o governador. Ele também destacou a importância das manifestações da comunidade, que têm alertado para os riscos de perder este patrimônio cultural e ambiental.
Nas redes sociais, o perfil @salveaescoladafloresta tem mobilizado apoiadores e ampliado a visibilidade da causa. A página incentiva a população a unir forças em defesa da Escola da Floresta e da cultura Borari, promovendo ações que valorizem a história e a sustentabilidade do território.
O avanço da especulação imobiliária em Alter do Chão tem acendido o alerta na região. Com a pressão por novos empreendimentos e o desrespeito às tradições locais, lideranças Borari temem que a rica herança cultural seja substituída por interesses econômicos.
O movimento seguirá acompanhando as negociações entre o governo estadual e federal, além de continuar cobrando ações concretas para proteger a Escola da Floresta. A comunidade planeja novas mobilizações e busca ampliar a adesão de outros setores da sociedade em defesa desse espaço único.
A preservação da Escola da Floresta não é apenas uma questão local, mas um exemplo de luta pela manutenção de patrimônios culturais e ambientais ameaçados por interesses econômicos.