Espécie tóxica de cogumelo é encontrada em áreas urbanas de Santarém

Foto: Acervo de pesquisa / Ufopa

Por Guilherme Ferreira

Pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) encontraram, pela primeira vez em solo paraense, o cogumelo conhecido como Chlorophyllum molybdites, espécie considerada tóxica que ocorre especialmente na região sul do Brasil. O cogumelo tem poucos registros de ocorrência na Amazônia, e ainda não há informações oficiais de casos de intoxicação por ingestão acidental da espécie na região.

A pesquisa é resultado do trabalho de conclusão de curso (TCC) de Daniel Marinho, aluno de graduação em Ciências Biológicas do Instituto de Ciências da Educação (Iced), que contou com a orientação dos servidores Marcos Santana e Eveleise Canto, ambos do Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA).

No estudo, os pesquisadores observaram que o cogumelo tende a se desenvolver principalmente em áreas antropizadas, aquelas transformadas pela ação humana, com interferência na vegetação, solo e/ou relevo. A espécie pode crescer em quintais e gramados, áreas comuns na zona urbana de Santarém, e não representam grandes problemas.

Os pesquisadores destacam que esse tipo de cogumelo desempenha um papel importante na natureza, auxiliando na decomposição da matéria orgânica e contribuindo com o ciclo de nutrientes. O risco, segundo eles, está na manipulação inapropriada do cogumelo, sobretudo no consumo.

Para o orientador Marcos Santana, o trabalho é fundamental para aumentar o conhecimento sobre os fungos da Amazônia brasileira, especialmente da diversidade paraense. Ele explica que “o ponto central do estudo é o relato, pela primeira vez, da ocorrência dessa espécie no estado do Pará, o que acrescenta dados de conhecimento sobre essa espécie para a Amazônia. Existem maiores pontos dessa espécie em outras regiões brasileiras, mas na Amazônia é pouquíssimo relatada, quase não se tem conhecimento sobre isso, e o que se tem está muito restrito a amostras com problemas de má conservação, com problemas de identificação, entre outros fatores que podem limitar o avanço das pesquisas”.

Embora a espécie possa ser perigosa, Santana esclarece que o potencial toxicológico do cogumelo pode ser aproveitado. Ele também explica que o objetivo da pesquisa não é desencorajar as pessoas a serem curiosas sobre os fungos, mas alerta para o riscos de manipular o cogumelo sem a devida orientação. “Em caso de encontrar a espécie, é não mexer, mas se for o caso de remoção, por causa de crianças e animais domésticos, é só retirar com cuidado, colocar em um saquinho, amarrar, descartar normalmente e lavar bem as mãos depois”, comenta o orientador.

Amostras da espécie foram coletadas na Unidade Tapajós da Ufopa, em trechos do canteiro central da Avenida Cuiabá, na estação científica da Ufopa em Curuá-Una, no município de Oriximiná e em outras regiões do Pará. Todo o material coletado foi depositado na Coleção de Fungos do Herbário HSTM da Ufopa e os dados secundários já estão disponíveis nos bancos de dados de biodiversidade do país para ampla consulta.

O trabalho de pesquisa foi publicado na revista científica ACTA Amazônica, com o título “New occurrence data of the toxic mushroom Chlorophyllum molybdites (Basidiomycota, Agaricaceae) in the Brazilian Amazon region”.

Com informações da Ascom/Ufopa.

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