Do Arapiuns para o mundo: saberes indígenas do Tapajós foram destaque na COP30

Durante a COP30, realizada em Belém, o guia Prato Firmeza Amazônia, produzido pela Énois, levou ao debate global uma mensagem poderosa: a alimentação indígena do Tapajós é uma resposta real às mudanças climáticas. No material, lideranças como Orleidiane Tupaiú, da aldeia Aminã, apresentam práticas tradicionais de manejo da mandioca e outras técnicas que unem saúde, identidade, território e preservação ambiental.

Para os povos da região, comer é também um ato de equilíbrio: corpo, espírito e floresta se conectam por meio de receitas ancestrais que atravessam gerações. Durante a conferência, o guia apresentou essas histórias como exemplos de justiça alimentar, conservação de alimentos e combate ao desperdício.

Após o evento global, o Prato Firmeza Amazônia chega a Santarém ampliando esse diálogo. O livro reúne uma série de conteúdos produzidos dentro dos territórios indígenas do Tapajós e reforça uma tese central: sem justiça alimentar, não há justiça climática.

A obra valoriza a culinária tradicional como ciência viva, manejo florestal e tecnologia que nasce das mãos de quem planta, colhe e transforma os alimentos no cotidiano das comunidades.

Orleidiane Tupaiú, uma das vozes do território, destaca que cada receita carrega saberes que fortalecem a saúde integral e preservam a cultura: “A alimentação tradicional indígena vai além do prato. É saúde, identidade e proteção do território. Cada ingrediente carrega gerações de conhecimento”, afirma.

Essas práticas respeitam o tempo da floresta, o ciclo da mandioca e a regeneração da terra, princípios que sustentam a soberania alimentar dos povos do Médio Tapajós.

O livro também coloca no centro do debate a defesa dos territórios indígenas como política climática. Os conteúdos reforçam que a crise do clima afeta diretamente a produção de alimentos e que não é possível discutir futuro sustentável sem olhar para quem cultiva, pesca e cozinha nas comunidades tradicionais.

O chef e pesquisador paraense Thiago Castanho endossa essa visão, afirmando que a Amazônia tem a chance de assumir protagonismo global ao mostrar soluções que já são praticadas há séculos: “Enquanto o mundo discute como alimentar populações de forma sustentável, os povos indígenas já fazem isso há muito tempo”, diz Castanho.

Criado pela Énois, laboratório de comunicação que fortalece coletivos das periferias, o Prato Firmeza se consolidou como um instrumento de valorização da cultura alimentar brasileira, com mais de 20 mil livros distribuídos e milhões de pessoas alcançadas. Agora, o recorte amazônico amplia a discussão sobre soberania alimentar, cultura e justiça climática.

O Prato Firmeza Amazônia é uma realização da Énois em parceria com o Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

Fonte: Divulgação I Énois

Crédito das fotos:
Margem do Rio/Leonardo Santos / Cintia Matos / Orleidiane Cardoso / Daniel Vinagre / Sandro Tonello

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